Muitas responsabilidades entram em jogo cada vez que o profissional de rádio assume o microfone. Ele participa de sua vida sem pedir permissão e torna-se o amigo de todos os dias.
Marne Barcelos levou a amizade das ondas do rádio para as ruas e mostrava o carinho e respeito que sentia pelos ouvintes por meio de abraços e uma boa prosa.
Ele era assim: ao longo das caminhadas pelas ruas de Porto Alegre (RS), onde nasceu, tornava-se amigo com facilidade; um radialista com alma de criança, como se intitulava.
Inteligente, Marne tinha tanto apreço pela leitura que tornou-se um tipo de enciclopédia ambulante. Sabia falar sobre tudo. Dedicava-se diariamente ao estudo, o que fazia parte da preparação para os programas de rádio e TV que apresentava na Rede Pampa.
Marne vivia o rádio há quase 60 anos. Além das emissoras que passou no Sul do país, durante dez anos também ancorou programas em rádios do eixo Rio-SP, segundo conta o filho, o funcionário público Rodrigo Maciel de Souza, 50.
Perseverante, Marne aproveitou a vida como se não houvesse o amanhã. Durante muitos anos, dizia aos familiares que morreria cedo também. A opinião forte nascera do fato de ter perdido os pais quando era adolescente. “Ele achava que aconteceria o mesmo, então viveu intensamente e do jeito que quis”, diz Rodrigo.
Ao longo da vida, criou uma fixação com relógios, mas não para contar o tempo. Ele os comprava, usava durante um período e depois presenteava alguém com o acessório.
“Meu pai nos deixou o amor pela vida, a importância de viver intensamente e trabalhar com amor”, afirma Rodrigo.
Marne Barcelos de Souza morreu dia 27 de fevereiro, aos 77 anos, de AVC. Divorciado, deixa quatro filhos e três netos.
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