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Apoio à restrição para sair de casa cai 8 pontos, diz pesquisa do Datafolha

Pesquisa mostra que os que mudaram de opinião se distribuem entre quem vê risco econômico e indecisos

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São Paulo

O apoio à quarentena como forma de evitar a disseminação do novo coronavírus sofreu uma queda nas duas últimas semanas, mas ainda é majoritária entre os brasileiros.

Segundo o Datafolha, são 68% aqueles que dizem acreditar que ficar em casa para conter o vírus é mais importante, ainda que isso prejudique a economia e gere desemprego.

No levantamento anterior do instituto, feito de 1º a 3 de abril, eram 76%. A pesquisa atual ouviu 1.606 pessoas na sexta (17) e tem margem de erro de três pontos percentuais.

Essa queda não se reverteu integralmente em apoio à afirmação contrária, de que vale a pena acabar com isolamento social em nome da reativação econômica.

O índice dos que concordam com isso oscilou positivamente de 18% para 22%, enquanto aqueles que não sabem foram de 6% para 10% no período.

O debate, visto por especialistas tanto em economia como em saúde como desfocado e politizado, tem pautado polêmicas envolvendo Jair Bolsonaro (sem partido).

Depois de minimizar a gravidade da Covid-19, a comparando a uma “gripezinha”, o presidente passou a insistir no foco do impacto econômico das quarentenas.

No cálculo, está o temor de que a recessão que provavelmente seguirá a emergência sanitária do Sars-CoV-2 solape seu apoio em cerca de um terço do eleitorado.

Em oposição, governadores como João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ), assumiram a linha de seguir as recomendações internacionais de saúde, priorizando o isolamento.

O resultado é uma queda de braço que marca a organização do combate à pandemia no Brasil e já deixou vítimas políticas no caminho.

Luiz Henrique Mandetta perdeu o cargo de ministro da Saúde na quinta (16), entre outros motivos, por não concordar com as diretrizes de Bolsonaro sobre o isolamento social.

O Supremo Tribunal Federal interveio e decidiu na quarta (15) que os estados e municípios têm liberdade para impor as restrições que decidirem durante a crise.

Isso contrariou o presidente Bolsonaro, que se queixou de estar de mãos atadas na questão. Ele queria editar decreto obrigando a reabertura do comércio. Manteve o tom na sexta (17), quando sugeriu que as pessoas desobedecessem as ordens locais.

Com efeito, o apoio ao relaxamento das restrições é maior entre aqueles que consideram a gestão de Bolsonaro na crise ótima ou boa: 43%, empatando com os que acham que é importante ficar em casa, 41%.

Um corte de redutos eleitorais diz o mesmo. O apoio a ficar em casa é maior no oposicionista Nordeste (78%) e menor no reduto bolsonarista Sul (58%).

Empresários são o grupo que menos apoia o isolamento: 45%, empatados com os 42% que querem o relaxamento. O maior apoio proporcional à estadia em casa é entre estudantes (84%) e jovens (77%).

A clivagem política, que vem acompanhando a vida política brasileira há anos e se acentuou em 2018, se observa em outro indicador aferido pelo Datafolha.

Os entrevistados foram indagados se pessoas que não fazem parte de grupos de risco para Covid-19, como idosos ou portadores de doenças crônicas, deveriam sair às ruas. Esse é o princípio, em linhas gerais, do dito isolamento parcial que Bolsonaro vinha defendendo.

Ele não foi tentado com sucesso de forma integral em nenhum local do mundo —locais como a Coreia do Sul associaram quarentenas de vulneráveis a de regiões mais afetadas pelo vírus, por exemplo.

O Reino Unido ensaiou adotar a tática, mas voltou a atrás quando o premiê Boris Johnson, que chegou a parar na UTI com a doença, viu previsões de até 1 milhão de mortos no seu país sem o isolamento mais amplo.

Na população em geral, a defesa da ideia oscilou de 37% para 41% desde o mais recente levantamento. Já entre quem aprova o trabalho do presidente, o índice é de 71%.

Aqueles que defendem a manutenção da horizontalidade do isolamento oscilaram de 60% para 56% do começo do mês para cá.

A diferença regional também se mantém: o Sul é o local com menor apoio a manter a quarentena para todos (42%), enquanto 64% dos nordestinos pensam assim.

Novamente, os empresários integram a categoria de trabalhadores entrevistada que mais defende o fim da restrição: 63%. IG

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