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Costureiras e indústria passam a contar com normas técnicas para produzir máscaras de tecido

ABNT desenvolve manual baseado em documento editado por países europeus

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São Paulo

Item obrigatório em várias cidades brasileiras e indispensável em todo o país para a prevenção da Covid-19, as máscaras de tecido destinadas à população em geral passarão a ter a partir desta quarta (29) um manual de confecção desenvolvido pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

O órgão definiu as especificações técnicas para que o protetor possa ser fabricado em larga escala pela indústria, por produtores artesanais, além de confecções domésticas.

O manual apresenta indicações para confecção, uso, higienização e descarte. O guia completo pode ser baixado clicando aqui.

"Como tem sido bastante recomendado [o uso de máscaras] e não havia nenhuma norma para as máscaras de uso não cirúrgico, nós levamos 20 dias para fazer um documento com as normas práticas baseado em um manual europeu", afirmou o presidente da ABNT, Mario William, em entrevista à Folha.

Pessoas caminham em São Paulo usando máscaras para se protegerem do coronavírus
Pessoas caminham em São Paulo usando máscaras para se protegerem do coronavírus - Marcelo Chello - 27.fev.20/CJPress/Agência O Globo

As especificações regulamentadas pela entidade são baseadas em normas editadas na Espanha e na França, segundo William, e contam com orientações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

"Nós tivemos uma reunião com a Anvisa ontem [na segunda (27)] e eles fizeram várias sugestões interessantes que foram incorporadas. A Anvisa vai recomendar que seja seguida essa norma da ABNT", disse Mario William.

De acordo com o documento, as máscaras devem proteger a boca, o nariz e o queixo e não devem possuir válvulas inspiratórias ou expiratórias.

Na confecção, deve-se evitar o uso de tecidos como poliéster puro e outros sintéticos e dar preferência, sendo recomendado o uso de tecidos que tenham pelos menos 90% de algodão na sua composição.

Recomendações da ABNT para confecção de máscaras caseiras

  1. Dimensões

    As máscaras devem ser produzidas com medidas que protejam o nariz, a boca e o queixo

  2. Materiais

    Deve-se usar tecidos com pelo menos 90% de algodão em sua composição e evitar poliéster puro e outros tecidos sintéticos

  3. Alças

    Elásticos ou fitas de tecido são os materiais recomendados para as alças, que serão presas na cabeça ou nas orelhas

  4. Manutenção

    Cada máscara não deve ser usada por mais de 3 horas e a lavagem em máquinas deve ser feita em um ciclo completos (umedecer, lavar, enxaguar)

  5. Higienização

    Nas máquinas de lavar, é recomendado não misturar as máscaras com outras roupas e não se deve usar amaciantes, apenas sabão

  6. Secagem

    Pode ser feita ao ar livre, mas com as máscaras embaladas em outros tecidos para evitar o contato direto com o ar

  7. Descarte

    Deve ser feito em embalagens duplas para evitar que o risco de uma ruptura possa expor a máscara

O produto deve possuir três camadas: uma com tecido não impermeável na parte frontal, uma de tecido respirável no meio e uma de tecido de algodão na parte em contato com a superfície do rosto.

Também é importante evitar tecidos que retenham calor, leves e muito porosos. Também não é indicado usar grampos ou clipes no design das máscaras.

As alças devem cercar a cabeça ou as orelhas e podem ser feitas com elásticos ou um laço de tecido, costurados ou soldados às máscaras.

Apesar do aumento na demanda destes insumos, o presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), Fernando Pimentel, afirma que não há risco de falta de matéria-prima no mercado.

"Como nos últimos 20, 30 dias houve uma explosão [na procura de máscaras], nós temos um quadro em que se está ajustando a oferta e a demanda", explica. "Dentro dessa situação, o mercado tem a oferta, mas está regularizando esse fluxo de compra e venda, mas não há escassez de matéria-prima, de tecido", diz.

Segundo Pimentel, mais de cem empresas, de médio e grande porte, espalhadas por todo o país, estão se preparando para produções em larga escala.

As máscaras comercializadas para a população geral são reutilizáveis. A ABNT, contudo, definiu normas para garantir a integridade do produto durante o seu período de validade.

Cada usuário não deve utilizar a mesma proteção por mais de 3 horas. Ao retirar as máscaras do rosto, deve-se manusear tocando apenas nas alças. Na higienização, é recomendável colocá-las para lavar em máquinas em um ciclo de 30 minutos, sem utilizar amaciantes.

A ABTN também recomenda evitar colocar as máscaras para lavar junto com outras roupas. O ideal seria usar tecidos velhos e inutilizados (como lençóis e toalhas) para completar a carga necessária para o ciclo eficiente de lavagem nas máquinas.

Há, ainda, a opção de lavagem em um recipiente com água potável e água sanitária, deixando de molho por 30 minutos. Após o tempo de imersão, realizar o enxágue em água corrente duas vezes, sem torcer a máscara. Em média, a qualidade do material da máscara deve resistir a 30 ciclos de lavagem.

Ao fazer a secagem ao ar livre, deve-se embalar as máscaras em embalagens de tecido, que também tenha sido devidamente higienizados, garantindo que elas não apresentem contato direto com o ar.

O descarte das máscaras que estejam desgastadas deve ser feito em embalagens duplas para evitar que o risco de uma ruptura da primeira embalagem possa expor a máscara novamente.

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