Descrição de chapéu Coronavírus

Idosa de 97 anos curada da Covid-19 fazia chamadas com bisnetos e netos no hospital

Gina Dal Colleto, mais velha do país a se recuperar do cornavírus, saiu da internação sob aplausos

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São Paulo

Aos 97 anos, Gina Dal Colleto é uma mulher que ama viver. Pelo menos é como Maria Helena descreve a mãe, que, apesar da idade, cozinha, gosta de passear e de fazer compras e está sempre na companhia de seus familiares.

Tal paixão pela vida ficou clara quando ela saiu do hospital sob aplausos da equipe médica, neste domingo (12), como a mulher mais velha do país de que se tem notícia a ter se curado da Covid-19.

Ela, que vive em Santos, foi internada na Unidade de Tratamentos Intensivos do hospital Vila Nova Star, da Rede D’Or São Luiz, em São Paulo, no dia 1º de abril após apresentar sintomas como tosse e confusão mental.

A filha Maria Helena, que mora no mesmo prédio que ela e faz visitas à mãe todos os dias, estava infectada mas não apresentou sintomas da doença: só teve um pouco de tosse e coriza. Provavelmente foi quem transmitiu o vírus à idosa.

“No terceiro dia me ligaram e falaram que ela estava passando muito mal, que não queria comer, não abria os olhos e queria a companhia das filhas”, conta Maria Helena. Como ela já havia tido o contato com a doença, foi liberada para acompanhar a mãe durante o tratamento.

“No momento em que ela me viu, só chorava”, relembra. Mas se por dentro o sentimento era de angústia e medo por não saber se a mãe resistiria, por fora ela estava decidida em incentivá-la e a dar forças a ela. “Eu só falava que amava ela, que eu sabia que ela ia sobreviver.”

De família italiana, única sobrevivente entre 11 irmãos, Gina tem seis netos e cinco bisnetos, e Maria Helena fazia chamadas de vídeos com eles para também darem suporte à nonagenária. Ela conta que até a médica reconheceu como a presença e apoio da família foram essenciais para a recuperação dela.

“Hoje ela me olha e diz: ‘Filha, se não fosse você eu não tava aqui hoje’.O isolamento é muito difícil para os idosos, você se sente sozinho num lugar onde não conhece ninguém, ainda mais todo mundo mascarado. Para ela foi muito assustador.”

Não só a idade avançada enquadra Gina no grupo de risco. Aos 90 anos, ela havia passado por uma cirurgia no coração para colocar dois stents. Ela ainda tem suporte respiratório e, no hospital, foi medicada com corticoide, antibióticos e cloroquina.

O medicamento tem sido receitado para pacientes internados mesmo que estudos ainda não tenham comprovado a sua eficácia, mas Maria Helena conta que a escolha da medicação foi aprovada por toda a família e em nenhum momento questionaram a decisão.

“Nós confiamos muito nos médicos”, diz, após elogiar todo o tratamento que recebeu dos profissionais.

Dona Gina se recupera em casa e já mostra melhoras na saúde e no ânimo. “Minha mãe foi um renascimento, uma esperança para todos, parece um milagre”. Há um dia fora do hospital, Maria Helena conta que a matriarca já diz que tem vontade de poder sair e quis até passar batom. “Daqui a pouco já está dançando por aí”, completa.

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