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Ministro da Saúde reconhece agravamento da crise da Covid-19 no Brasil

Declaração ocorre uma semana após ministro negar explosão de casos; para Teich tendência de piora é restrita a algumas regiões

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Brasília

Após dizer na última semana que não via um crescimento explosivo de casos do novo coronavírus no Brasil, o ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmou nesta terça-feira (28) que o Brasil vive um período de evolução da curva de casos e mortes em decorrência do novo coronavírus.

A declaração ocorreu após o Brasil registrar novo recorde de mortes, com 474 óbitos confirmados nas últimas 24h.

"O que tem que ficar claro é que é um número que vem crescendo. Há uns dias atrás eu falei que poderia ser um acúmulo de casos de dias anteriores, que foi simplesmente resgatado. Mas como a gente tem a manutenção desses números elevados e crescentes, temos que abordar isso como um problema, como uma curva que vem crescendo, como um agravamento da situação", afirmou.

O ministro da Saúde Nelson Teich
O ministro da Saúde Nelson Teich - Lucio Tavora/Xinhua

Teich, porém, afirmou que a piora está "restrita" aos lugares que estão enfrentando as maiores dificuldades atualmente. Ele citou como exemplo Manaus, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.

“A gente vê como uma tendência naqueles lugares onde a gente tem as piores condições em relação à doença”, disse. “Hoje a gente aborda isso como uma evolução da curva pra cima, uma piora em relação aos dias anteriores.”

A afirmação ocorre após o ministro receber críticas por ter cancelado uma coletiva de imprensa prevista no dia de maior registro de mortes. O encontro estava previsto para ocorrer horas antes, no Palácio do Planalto.

Questionado sobre os locais que despertam maior preocupação, membros da pasta citaram ainda Fortaleza entre as regiões.

"São Paulo nas próximas semanas pode ter intensidade na região metropolitana. Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza e Manaus são locais que nos chamam maior atenção. Estamos atentos à situação em todo o território nacional", disse o secretário de vigilância em saúde, Wanderson Oliveira.

Para Oliveira, que fazia parte da gestão anterior e permanece na equipe de transição com a chegada do novo ministro, a tendência é que haja aumento de casos também com a entrada de diferentes regiões em um período de maior circulação de vírus respiratórios.

"Brasil tem uma sazonalidade de doença respiratória que pega o outono e o inverno. Nós estamos no outono, e do outono para o inverno é o período em que os vírus respiratórios circulam com maior intensidade", disse.

"Isso ocorre todos os anos, independente da Covid. Com a presença da Covid, isso se torna mais intenso, por isso maior atenção principalmente nas regiões mais densamente povoadas, as regiões metropolitanas e principalmente nas regiões onde o frio ainda vai chegar."

Ele fez um alerta para que pessoas intensifiquem medidas de prevenção, como lavar as mãos com frequência, cobrir a boca ao tossir e espirrar e usar máscaras.

O secretário-executivo da pasta, general Eduardo Pazuello, disse que o ministério deve começar a distribuir, a partir desta quarta (29), cerca de 185 respiradores para os estados mais afetados, além de kits de equipamentos de proteção individual para uso por profissionais de saúde.

Embora tenha reconhecido o agravamento da crise, o discurso de Teich também chamou a atenção por não trazer uma mensagem de lamento diante do número de mortes, diferente das mensagens que vinham sendo adotadas pela pasta.

Segundo Oliveira, das 474 mortes confirmadas nesta terça, 146 ocorreram nos últimos três dias.
"São óbitos recentes, e também uma boa parte que estavam em investigação", disse. A pasta não divulgou os dados completos.

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