Na casa de Maria de Lourdes Pereira, em Mauá (no ABC paulista), a TV era ligada nas primeiras horas do dia. Os telejornais e programas religiosos tomavam conta dos seus dias.
O neto, Leandro Lima, 30, tornou-se jornalista e encheu o coração de Maria de orgulho. Ela dizia aos quatro cantos “meu neto é jornalista”.
Maria precisou usar seu temperamento forte para enfrentar a vida desde 1947. Ela nasceu em Itaíba (PE) e perdeu o pai cedo. Casou-se e teve 11 filhos –quatro morreram ainda crianças.
Há dez anos, sofreu um AVC que a deixou acamada. A doença forçou sua mudança para Mauá. Apesar do AVC, a boa memória permitia contar histórias, relembrar causos sobre os familiares e vizinhos de terra. Sabia o nome de todos os moradores mais antigos de sua cidade natal.
Sentia muita saudade de sua terra, mas, por causa da doença, não podia mais viajar. Gostava de saber como andava seu povo. Sempre que recebia ligação ou visita, perguntava de todos. Tinha curiosidade em saber como estava o tempo. “Tá chovendo?” perguntava.
Sua última passagem por suas terras, que tanto caminhou, foi para o enterro do neto José Tiago Oliveira Evangelista, em 2016.
A seu modo, tinha conselhos para todos e deixou bons exemplos à família.
Seus últimos dias foram de paz. Maria de Lourdes Pereira morreu dia 7 de abril, aos 72 anos. Foi nos braços de sua filha Suzana e na presença do neto que o coração parou. Antes, acenou com um dos braços, como quem dizia adeus. Deixa 7 filhos, 16 netos e 7 bisnetos.
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