Descrição de chapéu Coronavírus Rio de Janeiro

RJ tem alta de homicídios e queda de mortes por policiais em março

Assim como em SP, assassinatos subiram e crimes contra o patrimônio caíram durante a quarentena

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Rio de Janeiro

Seguindo a mesma tendência de São Paulo, o estado do Rio de Janeiro registrou um aumento nos homicídios dolosos (intencionais) e ao mesmo tempo uma queda expressiva nos crimes contra o patrimônio em março, mês em que boa parte dos dias foi marcada por medidas de isolamento social motivadas pelo novo coronavírus.

Os assassinatos subiram 8% em relação ao mesmo mês do ano​ passado, de 344 para 372​, indo na contramão da curva no início do ano. Em janeiro e fevereiro, o indicador vinha numa tendência de queda.

Policiais fardados se aglomeram durante operação em centro de reabilitação para adolescentes
Mortes de policiais em serviço caíram 14% em relação ao mesmo período em 2019 - Ricardo Moraes/REUTERS

Algumas das regiões que puxaram a alta nesse período foram Macaé (onde as mortes saltaram de 6 para 23), Cabo Frio (de 6 para 14) e Araruama (de 1 para 8). As três cidades são palco de disputas entre facções criminosas pelo controle do tráfico de drogas.

Já as mortes por policiais em serviço, que vêm subindo continuamente desde 2014 no estado fluminense e seguiam nessa tendência nos dois primeiros meses do ano, deram uma trégua em março. Elas caíram 14% no período, de 132 no ano passado para 113 neste ano.

Dados não oficiais compilados no início do abril por pesquisadores da Rede de Observatórios da Segurança,​ ligada à Universidade Cândido Mendes​​, já indicavam que as operações policiais haviam diminuído no RJ após o início da quarentena, o que possivelmente causou a queda nesse indicador.

Na primeira quinzena de março, foram contadas 58 operações (quando um grupo de policiais é destacado a um local para cumprir um objetivo) e 81 patrulhamentos (ações cotidianas de ronda ou “baseamento"). Na segunda quinzena, foram 15 operações e 41 patrulhamentos.

O estado tem recomendado a restrição à circulação de pessoas desde o dia 13 de março. No dia 16, o governador Wilson Witzel (PSC) decretou estado de emergência e determinou efetivamente o fechamento de grande parte dos estabelecimentos comerciais e serviços, que passou a valer no dia 18.​ Ainda não há data prevista para a abertura.

Assim como em São Paulo —onde os homicídios aumentaram 16% e os furtos em geral caíram 32%—, isso impactou nos crimes, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão ligado ao governo que divulga esses dados. O instituto pondera, porém, que a diminuição dos registros das ocorrências também pode ter causado subnotificações.

Com as restrições, as delegacias passaram a atender presencialmente apenas casos de emergência, como homicídios, prisões em flagrante, roubos de veículo e mulheres vítimas de violência. O restante das ocorrências vem sendo registrado por meio da Delegacia Online e da Central 190.

Os crimes contra o patrimônio tiveram um grande impacto em março. Os roubos de carga e de rua foram os que sofreram as maiores quedas, de 43% e 42% respectivamente: o primeiro passou de 638 para 366 e o segundo, de 11.892 para 6.941. Já os furtos em geral diminuíram 30%, de 15.395 casos para 10.786.

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Ainda segundo o ISP, os números de feminicídio sofreram quedas no último mês no Rio de Janeiro, diferentemente do que ocorreu em São Paulo, onde essas mortes foram de 13 para 19 (49% a mais) no período.

"Foram 5 vítimas de feminicídio e 26 vítimas de tentativa de feminicídio [em março]. No entanto, não é possível afirmar que a quarentena influenciou nessa redução, uma vez que os números estão dentro da média mensal observada nesses crimes", diz o órgão.

O total de ocorrências relacionadas à Lei Maria da Penha caiu 31% (de 6.849 para 4.745), assim como os crimes de lesão corporal dolosa (-28%), ameaça (-40%) e estupro (-24%).

Mas o instituto pondera que "é de extrema importância lembrar que [...] existem outras fontes de denúncias que podem ser utilizadas para reportar esses crimes, como a Central 190, o Disque 180 do Governo Federal e o Disque Denúncia (2253-1177)". O ISP começou agora a monitorar esse tipo de violência usando outras fontes de dados.

Outros crimes influenciados diretamente pela quarentena foram o estelionato —a proporção de casos ocorridos na internet subiu de 12% para 24% em comparação com o período pré-isolamento social (1 a 12 de março)— e os crimes de trânsito. As vítimas letais diminuíram 21%, para 126, e as vítimas não letais caíram quase pela metade, para 1.253.

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