Descrição de chapéu Coronavírus

Saúde deve divulgar dados exclusivos sobre raça/cor de mortos por coronavírus

Nos Estados Unidos, população negra e pobre vem sendo proporcionalmente mais afetada

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São Paulo

O Ministério da Saúde passará a incluir a partir desta sexta (10) informações exclusivas sobre raça/cor dos infectados pela Covid-19 nas notificações que ingressarem em seu sistema, e que servem de base para as estatísticas de óbitos e demais dados sobre a epidemia.

A decisão partiu de um pedido do Grupo de Trabalho de Saúde da População Negra da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), que via com preocupação a possibilidade de subnotificação de casos entre essa população.

A SBMFC, que reúne 6.000 médicos que integram 47,7 mil equipes de atenção básica, pressiona também para que os dados sobre as mortes e casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) sejam desagregados por bairros nos municípios.

Além disso, pedem que o mesmo seja feito em relação aos registros nos sistemas públicos e privados, de forma a ter um panorama socioeconômico mais completo dos afetados.

Entre os argumentos apresentados pela SBMFC que levaram à decisão do ministério está o fato de serem negros 67% dos brasileiros que dependem exclusivamente do SUS (Sistema Único de Saúde), além da maioria dos pacientes com diabetes, tuberculose, hipertensão e doenças renais crônicas no país.

“Assim como nos Estados Unidos fica evidente que a população periférica, majoritariamente composta por pessoas negras, é mais afetada pela Covid-19, é importante que tenhamos esses dados categorizados por raça e cor no Brasil para tomar providências”, afirma Denize Ornellas, diretora da SBMFC.

Segundo ela, os dados sobre os endereços dos afetados já fazem parte das fichas de notificação, e o que a entidade demanda é a divulgação completa dessas informações daqui em diante.

Nos EUA, o novo coronavírus está matando negros em taxas mais elevadas do que na população em geral, segundo números preliminares dos estados de Louisiana, Michigan e Illinois.

As autoridades dizem que isso aponta para disparidades no acesso a cuidados e atendimento de saúde nessa população —o que poderá ocorrer também no Brasil.

Segundo o governo da Louisiana, mais de 70% das 512 pessoas mortas pelo vírus no estado até segunda (6) eram negras, percentual muito acima da representatividade dos negros na população, de 33%. Em Michigan, os negros vêm respondendo por 40% das mortes, mas são apenas 14% da população.

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