Descrição de chapéu Coronavírus

Sem apresentar nomes, ministro diz que definiu equipe e amplia espaço de militares na saúde

Dois secretários que eram da gestão Mandetta também devem permanecer na equipe, mas em outras funções

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Brasília

Sem apresentar nomes, o ministro da Saúde, Nelson Teich, disse nesta quinta-feira (30) que já tem uma decisão sobre a equipe que irá compor o ministério, mas aguarda análise e chancela do governo sobre os nomes indicados.

"Temos uma definição de praticamente todas as pessoas que vão ocupar as secretarias, mas como existe um processo de avaliação das pessoas, que é nem questão de veto ou não, mas rotina de avaliação, conforme forem chegando, elas vão sendo anunciadas", disse.

"Temos os nomes definidos que vão entrar, mas temos que passar pela avaliação do governo."c

Enquanto aguarda aval do Planalto para nomeação de novos secretários, o ministro tem ampliado o espaço a militares dentro da pasta e segurado nomes da gestão anterior –dois deles já foram avisados de que irão permanecer, ainda que em outros cargos. Outro recebeu um pedido para ficar por mais tempo até a escolha de um novo nome.

Entre os já confirmados está a secretária de Gestão em Trabalho em Saúde, Mayra Pinheiro, hoje à frente de ações para levar profissionais de saúde a áreas com maior número de casos.

O ministro da Saúde, Nelson Teich, e o secretário Wanderson Oliveira (Vigilância em Saúde)
O ministro da Saúde, Nelson Teich, e o secretário Wanderson Oliveira (Vigilância em Saúde) - Pedro Ladeira - 27.abr.20/Folhapress

Pediatra, ela ficou conhecida por ter participado, em 2013, de protestos contra a vinda de médicos estrangeiros no programa Mais Médicos, no governo Dilma Rousseff (PT).

Na saúde, também era de uma ala menos próxima do ministro anterior, Luiz Henrique Mandetta. À Folha, Pinheiro confirmou a permanência no cargo além da transição. "Fui comunicada que deveria permanecer. Estamos envolvidos no recrutamento de profissionais e indo para Manaus organizar esse contingente", disse.

Já o ex-secretário de Ciência e Tecnologia, o médico cardiologista Denizar Vianna, foi nomeado como assessor especial do ministro. Embora tenha feito parte da gestão anterior, Vianna já era próximo de Teich, com quem já havia trabalhado.

Nos últimos dias, ele tem participado da maioria das reuniões de transição ao lado do ministro.
A confirmação do nome de Vianna como assessor especial foi publicada nesta quinta-feira (30) no Diário Oficial da União.

Dentro do ministério, a expectativa é que o coronel do Exército e secretário especial de Saúde Indígena, Robson Santos da Silva, também permaneça no cargo ou em outra função.

Na quarta (29), o Diário Oficial da União também oficializou a entrada no ministério do general Eduardo Pazuello, que já vinha participando de entrevistas coletivas como o número 2 da pasta.

Ex-coordenador da Operação Acolhida, de atendimento a imigrantes venezuelanos, Pazuello teve seu nome indicado por outros ministros generais e apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para ocupar a função.

A entrada deu maior espaço a militares na gestão da saúde. Nesta quinta, o governo publicou a nomeação do coronel do Exército Antonio Elcio Franco Filho como secretário-executivo-adjunto.

O coronel foi secretário estadual de Saúde de Roraima entre abril e junho de 2019, sob a gestão de Antonio Denarium (PSL), um dos principais aliados de Bolsonaro. Ele tem graduação e mestrado em ciências militares.

Já outros dois secretários que faziam parte da gestão de Mandetta e eram próximos do ex-ministro foram exonerados.

Um deles é João Gabbardo dos Reis, ex-secretário de saúde do Rio Grande do Sul e então uma espécie de vice do ex-ministro. Nos últimos meses, Gabbardo ficou conhecido por estar ao lado de Mandetta na maioria das entrevistas e anúncios sobre o coronavírus.

Outro secretário que já deixou o ministério é o médico Erno Harzheim, que ocupava a Secretaria de Atenção Primária —área voltada à implementação de algumas das principais bandeiras do ex-ministro, caso da nova versão do programa Mais Médicos.

Com a saída, reuniões da área têm sido tocadas por uma secretária-substituta, que já era servidora da pasta, até que haja a definição dos cargos.

O mesmo ocorre na Ciência e Tecnologia desde a transferência de Vianna.

Uma mudança também é prevista na secretaria de atenção especializada, até então ocupada por Francisco Figueiredo. Segundo integrantes do ministério, Teich já manifestou intenção de trazer uma pessoa de fora para a área, responsável pela gestão de recursos e ações destinadas a hospitais. O nome não foi divulgado.

Alvo principal das ações de controle do coronavírus, a Secretaria de Vigilância em Saúde continua, por enquanto, sob a gestão do enfermeiro epidemiologista Wanderson Oliveira —mas ainda apenas como transição.

Em mensagem enviada nesta semana para sua rede de contatos, Oliveira disse que recebeu um pedido do ministro para que ficasse mais alguns dias em apoio. Inicialmente, ele planejava ficar até 4 de maio.

Ele negou, porém, que tenha havido discussões sobre sua permanência na equipe. Escolhido para o cargo por Mandetta, Oliveira chegou a pedir demissão da secretaria em meio à pressão para saída do ex-ministro.

Recentemente, voltou a participar de entrevistas coletivas ao lado de Teich. "Eu estou secretário, não sou secretário", disse na mensagem enviada aos contatos.

"Enquanto for necessário, estarei apoiando, pois há muito trabalho para salvar vidas e focar na resposta à epidemia. Assim que o ministro conseguir outra pessoa para me substituir, vou apoiar", disse.

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