Descrição de chapéu Coronavírus

Casal conta como é sua rotina após dois meses sem pisar nas ruas

Aposentados narram de forma bem-humorada mudanças que fizeram para realizar tudo dentro do apartamento

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Ariel Severino Eleonora Severino
São Paulo

O casal de aposentados Eleonora e Ariel Severino, ambos de 69 anos, ela argentina e ele uruguaio, mora no Brasil há 45 anos.

Há dois meses, estão confinados em seu apartamento na Vila Andrade, contam como tem sido seu dia a dia durante a pandemia do novo coronavírus.

Começamos o nosso distanciamento social no dia 15 de março, e, a partir desse dia, não saímos mais na rua e não entrou mais ninguém aqui em casa.

No começo parece que vai ser impossível mas, aos poucos, com novas rotinas e procedimentos aqui estamos, “aniversariando” dois meses de quarentena.

Abastecimento de geladeira e despensa? Fácil, tudo pela internet. Quando chega a compra, conta muitos pontos a ajuda do zelador do prédio, o valente Reginaldo, que, com luvas e máscara, abre o portão e orienta o entregador para deixar as compras num cantinho.

Depois ele sobe as sacolas e deixa na nossa porta. Se não tem congelados, preferimos deixar, sem mexer, até o outro dia... Imaginamos que o Corona fique chateado de nos esperar na porta e vá embora...

Aumentamos a quantidade de produtos em cada compra para diminuir as entregas. Por quê? Gente, é um estresse higienizá-los e prepará-los para permitir o ingresso deles na geladeira e nos armários.

Muito álcool nas embalagens, muito sabão nas garrafas plásticas e vidros. Frutas e verduras? 15 minutos nas pias da cozinha com água e cândida, que tem se transformado em produto de primeira necessidade.

Ariel Severino

Normalmente comprávamos frutas e verduras no supermercado, agora as encomendamos num box do Ceagesp (que vende no varejo). Pudemos assim aumentar o volume da compra, pois os produtos são muito mais frescos, não estragam logo. Fazemos os pedidos uma vez a cada 20 dias e pronto! Geladeira cheia! Outra consequência interessante é que os preços são mais em conta que nos supermercados.

Supermercado? É necessário fazer uma lista cuidadosa para prever o necessário para um mês.

E a pizza??? Ah, a pizza... Um problema... Mas, depois de acertos e erros, uma vez por semana sai uma pizza fumegante (não é aquela margherita pré-pandemia, mas depois de umas semanas de abstinência o sabor é maravilhoso). Descobrimos que podemos congelar o queijo mussarela para que nunca falte.

Passeio? Máscara e garrafinha de álcool em gel para enfrentar o elevador (se tem gente, é necessário deixar passar e embarcar na próxima viagem) para chegar ao destino final: a garagem!

Ali repousa há semanas o nosso carro, desesperado por sair, mas dar partida para não deixar descarregar a bateria já é um consolo para ele. O veículo fica ainda mais feliz com uma “voltinha” dentro da garagem que, por sorte, é um espaço super arejado.

Aprendemos que nem pijamas, nem camisetas, nem toalhas de banho reclamam se não são passadas a ferro. O conteúdo do cesto de roupas para passar diminuiu em 50%.

Ariel Severino

Academia do prédio fechada: o personal trainer preparou uma série de vídeos e dia sim, dia não, com muuuuuita força de vontade, treinamos 40 minutos. Faz uns dias, vimos no jornal uma matéria com exercícios respiratórios e estamos tentando integrar também esses na nossa rotina “saúde”.

Ariel Severino

Às sextas e sábados, em substituição às saídas e encontros com amigos, vamos de maratona de seriados... “Billions”, “Disque Amiga para Matar”, “How to Get Away with Murder”, “The Plot Against America”, “Good Girls”, “Better Call Saul”… O trasnoite vai até bem, entra na madrugada. Ah! E não falta a pipoca que também aprendemos a fazer.

Ariel Severino

Na semana do Dia das Mães, “uma operação sigilosa”. A filhota deixou um mimo no teto do nosso carro.

Faltou o abraço apertado entre mãe e filha. Para o próximo encontro pretendemos duplicar os abraços.

Em tempo: nessas semanas de isolamento temos desenvolvido duas compulsões de intensidade relevante:

1. escovar obsessivamente os dentes para tentar impedir qualquer emergência odontológica; e

2. zelar com viés neurótico pelos nossos amados óculos...

Já imaginou quarentena sem WhatsApp? Pois é... Muito pior é não ter os óculos para utilizá-lo!

Ariel Severino
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