Cidade gaúcha faz carreata para se despedir de menino morto pela mãe

Carros com balões brancos circularam pela cidade em homenagem à criança

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Porto Alegre

Tristeza e revolta tomaram conta da pequena cidade de Planalto, a 350 km de Porto Alegre, no noroeste gaúcho, desde a confirmação da morte do menino Rafael Winques, 11, que estava desaparecido desde o dia 15 deste mês.

Uma perícia preliminar indica que a criança foi estrangulada com uma corda. Seu corpo foi encontrado na última segunda-feira (25) em uma caixa de papelão com mãos e pés amarrados. A mãe confessou a morte, mas sua versão contradiz a perícia: ela alega que deu remédio para acalmá-lo e que a morte não teria sido intencional.

O menino Rafael Winques
Rafael Winques desapareceu no dia 15 de maio e mobilizou os moradores de Planalto (RS) - Reprodução/Facebook

Uma carreata silenciosa com centenas de carros circulou pelas ruas do município de 10.650 habitantes no final da tarde da última terça-feira (26). Os carros saíram da frente da Igreja Matriz e levavam balões brancos em homenagem à criança.

A prefeitura decretou luto oficial por três dias. O velório do garoto ocorreu em meio à pandemia do novo coronavírus. As pessoas precisaram manter o distanciamento no saguão da funerária e apenas dez pessoas por vez podiam permanecer no interior da capela. Todos precisavam usar máscara.

O caixão branco estava fechado e tinha um porta-retrato com uma foto do menino. Rafael foi enterrado no Cemitério Municipal.

“Foi muito triste, O povo de Planalto se revoltou. A própria mãe fez isso com o filho. A gente não esperava. Ela pediu ajuda até no programa de televisão para achar o filho dela. Foi fria e depois descobriram que ela mesma matou”, diz Ivone Correa Machado, proprietária da funerária Santo Antônio, onde Rafael foi velado.

“Quando vimos o corpo, percebemos que se tratava de um homicídio qualificado, e não [um homicídio] culposo”, disse delegado do caso, Ercílio Carletti. Homicídio culposo é quando não existe a intenção de matar a vítima; homicídio doloso, que pode ou não ser qualificado por agravante, é quando existe essa intenção.

Presa na última segunda, a mãe não esboçou emoção ao relatar o suposto sumiço da criança quando foi visitada em casa pela promotora que acompanha o caso. A visita ocorreu de surpresa, na semana passada, antes da confissão.

“O que me chamou muito atenção foi a falta de emoção da mãe quando ela relatou esses fatos [da noite do suposto desaparecimento]. Era uma coisa muito coerente, organizada. Em momento algum, do tempo que fiquei lá, uma hora e pouco, ela se emocionou, chorou ou esboçou sentimento”, disse a promotora Michele Taís Dumke Kufner.

“Apesar de ter me chamado atenção, [a frieza] não foi um fator determinante em um primeiro momento porque ela poderia estar esgotada emocionalmente e sem conseguir esboçar reação”, explicou a promotora.

Segundo relatos de conhecidos, Rafael era um garoto estudioso, tranquilo e que não se queixava da mãe. Adultos que conheciam a criança relataram à promotora que ele era assíduo na escola e que parecia bem cuidado, com roupas adequadas ao clima frio da região e bem alimentado.

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