Descrição de chapéu Coronavírus

Em sua primeira viagem oficial, Teich visita Manaus, colapsada pelo coronavírus

Ministério da Saúde contrata 267 para atuar no AM, mas ainda não abriu hospital de campanha prometido na cidade

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Manaus

Três semanas após o sistema de saúde do Amazonas colapsar, o ministro da Saúde, Nelson Teich, desembarcou em Manaus na tarde deste domingo (3) com um reforço de profissionais para reforçar o combate ao novo coronavírus no estado.

O ministério, porém, reduziu esse contingente para 267 profissionais, conforme nota publicada neste sábado (2). Três dias antes, a própria pasta havia anunciado 581 profissionais. Procurada pela Folha, a pasta não explicou a diminuição até a conclusão desta texto.

O reforço federal foi contratado dentro do programa “O Brasil Conta Comigo”. Quase todos são de Manaus 1 —os 31 profissionais de fora da cidade chegam junto com a comitiva de Teich. A contratação é temporária, por até seis meses.

O ministro da Saúde, Nelson Teich, durante reunião com o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e o prefeito da capital, Arthur Virgílio Neto (PSDB), sobre a situação do novo coronavírus na região
O ministro da Saúde, Nelson Teich, durante reunião com o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e o prefeito da capital, Arthur Virgílio Neto (PSDB), sobre a situação do novo coronavírus na região - Reprodução/Ministério da Saúde

Além de Manaus, eles atuarão em Tabatinga, Itacoatiara e Manacaparu. Dos 6.683 casos confirmados até este sábado, 39% estão no interior, onde o atendimento é mais precário —só a capital dispõe de UTI, em um estado cujo território equivale à soma das regiões Sul e Sudeste.

A chegada de Teich coincide com mais um novo recorde de novos casos confirmados em 24h, 621 registros neste domingo (3). O total de mortos chega a 548, e 1.901 se recuperaram da doença no Amazonas.

Em abril, os cemitérios públicos de Manaus registraram 2.435 sepultamentos, um aumento de 179,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Parte desses enterros ocorreu em valas comuns, cujas imagens rodaram o mundo.

Dos 985 sepultamentos entre os dias 23 e 30, o período de pico, menos de 10% tinham o coronavírus como a causa de morte, indicando uma grande subnotificação.

Teich também deve tratar da abertura, em Manaus, de um hospital de campanha para a população indígena. Trata-se de uma promessa do seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta, em 11 de abril, até agora sem data de inauguração.

Os indígenas com coronavírus somam 120 casos confirmados, com 6 óbitos, segundo a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), ligada ao Ministério da Saúde. A região mais atingida é o Alto Rio Solimões (AM), com 59 casos.

Esses números não incluem indígenas nas cidades, que entram no cômputo geral. A Sesai atende apenas a “aldeados”, ou seja, dentro de terras indígenas.

Agenda e reivindicações

Em Manaus, Teich tem encontros marcados com o governador Wilson Lima (PSC), o prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) e com o Comando Militar da Amazônia (CMA), além de visitar os três hospitais da cidade exclusivos para o novo coronavírus.

Fora da agenda oficial, a presidente do Sindipriv (Sindicato dos trabalhadores de saúde terceirizados do Amazonas), Graciete Mouvinho, 54, diz que as novas contratações são bem-vindas, mas pede que Teich busque soluções para EPIs (equipamentos de proteção individual) e um melhor atendimento médico aos profissionais de saúde.

“Faltam EPIs adequados. Precisamos de máscara N95. Estão doando uma máscara que não é tão eficaz para quem está na linha de frente”, afirmou.

Outra reivindicação do sindicato é a criação de uma equipe para atender os profissionais com Covid-19. “Precisamos de atendimento médico e de um local onde eles fiquem, porque eles estão levando a contaminação pra dentro de suas casas.”

“Não há apoio psicológico, temos de enfrentar fila pra nos consultarmos. Até pra teste tem fila. Não tem medicação, estamos comprando para que o profissional possa se recuperar e voltar a trabalhar”, disse Mouvinho.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto trazia erros de digitação nos nomes do governador do estado, Wilson Lima, e do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto. O texto foi atualizado. 

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