Descrição de chapéu Coronavírus

Justiça suspende abertura das atividades comerciais em Duque de Caxias, no Rio

Município tem o segundo maior número de mortos pela Covid-19 no estado

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Rio de Janeiro

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro suspendeu a abertura do comércio na cidade de Duque de Caxias, na região metropolitana da capital.

A prefeitura do município havia liberado as atividades comerciais a partir desta segunda-feira (25). De acordo com decreto da prefeitura, bares, restaurantes e lojas podem ficar abertos desde que limitem o atendimento a 30% da capacidade. Academias também podem funcionar, contanto que os equipamentos sejam higienizados a cada troca de usuário.

A prefeitura argumentou que a determinação foi tomada diante do aumento do número de leitos disponíveis na cidade e da queda do número de atendimentos de pessoas com sintomas da Covid-19.

Movimento em Duque de Caxias após comércio reabrir com o aval do prefeito
Movimento em Duque de Caxias após comércio reabrir com o aval do prefeito - Hermes de Paula/Agência O Globo

Como a Folha mostrou, enquanto os casos do novo coronavírus explodiam e o sistema de saúde se encontrava saturado, diversos estabelecimentos comerciais permaneciam abertos em Caxias, alguns a mando da milícia.

O município tem o segundo maior número de mortos no estado, atrás apenas da capital. Até esta segunda, foram registrados 187 óbitos e 1.246 casos da doença.

A Justiça do Rio determinou que, para reverter as medidas de restrição, o município deverá apresentar laudo técnico "contrário às evidências científicas postas nacional e internacionalmente, demonstrando à população que o ato municipal não implica em risco à saúde pública".

Se a cidade mantiver o funcionamento das atividades comerciais e não apresentar o laudo no prazo de 48 horas, o prefeito Washington Reis (MDB) será multado diariamente em R$ 10 mil.

Caxias ordenou o fechamento do comércio apenas no dia 3 de abril, depois de todas as demais cidades da Baixada Fluminense. Logo após a confirmação do primeiro caso do novo coronavírus no município, ao final de março, o prefeito afirmou que as igrejas evangélicas ficariam abertas porque a cura viria de lá.

Poucas semanas depois, Washington Reis foi infectado e buscou a cura em um hospital particular da zona sul da capital, onde ficou 13 dias internado.

Na rede municipal de Caxias, a ocupação de leitos por pacientes Covid-19 chegou a 100% no início do mês.

Tentando contornar a falta de leitos, a prefeitura inaugurou o Hospital Municipal São José, com 128 leitos de UTI. Segundo Reis informou à TV Globo nesta segunda, 70 estão ocupados.

Centro de Duque de Caxias ficou lotado de pessoas que saíram para fazer compras
Centro de Duque de Caxias ficou lotado de pessoas que saíram para fazer compras - Cléber Júnior/Ag. O Globo

Em meio a denúncias de corrupção envolvendo contratações na saúde, o estado quebrou a promessa de entregar na primeira quinzena de maio o hospital de campanha em Caxias. Segundo o governo, a unidade contará com 200 leitos intensivos.

Diante da escalada de casos da doença e do esgotamento da capacidade de atendimento de todos os pacientes, a Justiça do Rio determinou que o estado e o município abrissem 73 leitos até o dia 30 de maio e 91 até o dia 15 de junho.

A decisão foi tomada no contexto de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público, que pediu mais leitos e mais testes para o vírus em Caxias. A taxa de letalidade da Covid-19 no município está em torno de 15%, o que indica um alto índice de subnotificação dos casos.

Em nota, a prefeitura de Caxias disse que ainda não foi intimada da decisão, mas que a Procuradoria Geral do Município apresentará defesa.

A prefeitura também afirmou que a ocupação de leitos por pacientes da Covid-19 é máxima no hospital municipal Moacyr do Carmo e na UPA Beira Mar, que contam com seis leitos de UTI e 32 de enfermaria.

Segundo o texto, a ocupação dos 128 leitos do hospital municipal São José está sendo realizada gradativamente. No momento, metade dos leitos estão ocupados.

A prefeitura diz que está investindo na contratação de profissionais de saúde para dar conta da demanda diante da pandemia.

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