A história de José Caneda Álvarez começou em O Grove, na Espanha, onde vivia com os pais e duas irmãs.
Mostrou-se trabalhador desde cedo. A jornada era dividida entre o comércio que a família mantinha e a carpintaria.
Na época, o Brasil já representava o sonho de uma vida e emprego melhores. Em 1951, viajou ao país de navio e desembarcou em Santos (a 72 km de São Paulo). Apaixonou-se pelo local.
Enquanto trabalhava como carpinteiro, aprendeu o ofício da marcenaria, que desempenhou até o fim da vida.
A namorada espanhola, Maria Tereza Nantes Caneda, hoje com 94 anos, passou alguns anos no Uruguai e depois veio ao seu encontro no Brasil. O casamento ocorreu em 1957. No ano seguinte, nasceu o filho, Alberto.
José era metódico, inteligente e curioso. Fazia questão de ser bem informado e por isso lia jornais e revistas, e assistia aos programas jornalísticos na TV.
Dono de ótima memória, resgatava com facilidade acontecimentos políticos e econômicos do Brasil e do mundo, e guardava as lembranças dos locais que já visitara.
O temperamento forte comum nos espanhóis não o acompanhou. Segundo a neta, a economista e jornalista Beatriz Nantes, 32, sua tranquilidade impressionava. Para qualquer dificuldade tinha o hábito de dizer "não tem problema". Em 2007, José venceu um câncer no intestino. "Ele tinha muita vontade de viver", afirma Beatriz.
José foi um torcedor fervoroso da felicidade dos netos. O que sobrava da emoção ia para o futebol. Na Espanha, seu time era o Real Madrid; em terras brasileiras, virou santista e depois passou para o lado do Corinthians para acompanhar o neto, o técnico de natação do time, Caio Leal Caneda, 30.
José Caneda Álvarez morreu dia 18, aos 95, de insuficiência cardíaca. Deixa a esposa, um filho, a nora e dois netos.
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