A música reflete sentimentos. E foi assim na vida de Paulo Evangelista Soares. O amor pelo violão veio de seu pai, Antonio Soares, que influenciou os filhos na arte e foi o mestre de alguns netos.
Paulo nasceu em Caruaru (PE). A música marcou sua linha do tempo, mas não alcançou o campo profissional. Ficou entre os principais prazeres da vida.
Iniciou a vida profissional aos 14 anos. Optou por se consolidar na carreira pública, segundo um dos filhos, o jornalista e produtor cultural Alessandro Soares, 50.
Antes disso, deixou sua marca na música. Figura conhecida na Rádio Difusora de Caruaru e Rádio Jornal do Commercio do Recife, era nas emissoras que Paulo tinha as portas abertas para saber da novidades musicais da época e acompanhar alguns artistas, como a cantora e compositora Dolores Duran e o cantor Orlando Silva.
Seus amigos da juventude também respiravam e inspiravam música. Paulo foi líder de um conjunto vocal, do qual também participavam Onildo almeida e Luiz Queiroga. Ambos têm composições interpretadas por Luiz Gonzaga.
O quarteto, que teve dois nomes —Cancioneiros Tropicais e depois Vocalistas Caetés— chegou a gravar um acetato (inferior ao vinil e usado na década de 1930).
No começo dos anos 1960, Paulo abandonou a música e mais tarde passou a desestimular alguns filhos que queriam trabalhar com ela.
A boemia corria no sangue. Gostava de encontrar os amigos e fazer saraus em casa. Mas era metódico com os horários e organizado. A família sempre foi sua trilha sonora principal.
Era curioso com a vida, assim como aquele que tem a sede de saber o próximo verso de uma música. O final feliz da sua era musical foi não ter se arrependido de ter seguido outro caminho profissional.
Quando a esposa morreu, em 2014, Paulo começou a desenvolver alguns problemas de saúde, mas manteve o humor.
As falhas na memória apareceram, mas Paulo tornou tudo mais leve; de forma humorada despistava a família da dificuldade em resgatar lembranças.
Paulo Evangelista Soares morreu dia 30 de abril, 89 anos, por complicações de mal de Alzheimer e câncer mieloma múltiplo. Morreu em casa, dormindo. Viúvo, deixa 9 filhos, 23 netos e dez bisnetos.
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