A expressão "poderia ter feito" nunca fez parte do vocabulário do médico Geraldo Almeida.
Nascido em Ponta Grossa, ainda criança mudou-se para Curitiba (ambas no PR), onde completou os estudos até o ensino médio.
O pai o influenciou a estudar contabilidade. Como não gostou do curso, o abandonou no meio do primeiro ano.
Seu desejo era cursar medicina em São Paulo, lugar que considerava referência na área escolhida.
Em 1957, o excesso de autoconfiança, por ter sido sempre um aluno exemplar, fez com que fosse reprovado no vestibular de medicina. "Aprendeu uma grande lição", diz o filho, o jornalista João Almeida, 36.
Um ano depois, foi aprovado em medicina na Universidade Católica de Curitiba. Em 1964, iniciou residência na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Optou pela área de anestesia.
Geraldo se realizou na profissão. Trabalhou no Hospital das Clínicas e como professor assistente na Faculdade de Medicina da USP.
Fez tudo o que quis em vida. Realizou seus projetos e viajou bastante. "O importante é viver", dizia.
A racionalidade o acompanhava em todos os momentos. "Sempre foi menos sentimental, mas muito amável e amigo", afirma João.
Inteligente, discursava sobre qualquer assunto, de física atômica até medicina. Tinha o hábito da leitura impregnado na rotina diária, inclusive de jornais.
Apesar de lúcido, no final da vida precisou ir para uma casa de repouso, devido à dificuldade de locomoção.
Morreu sem temer a morte. "É natural nascer, crescer e morrer." Muito católico, completava as frases com "até quando o Senhor permitir, meus amigos".
Geraldo Almeida morreu dia 17 de maio, aos 81 anos, de Covid-19. Deixa a esposa e três filhos.
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