A infância de Francisco Costa foi triste e difícil. Nascido em Estrela do Sul (MG), foi filho único e de mãe solteira. A mãe morreu cedo, e Francisco sofreu discriminação pela condição de órfão.
Segundo a filha, a jornalista Valéria Cristina Costa, 58, seu primeiro trabalho, aos 12 anos, foi como garimpeiro. Depois, aprendeu os serviços de pedreiro e se destacou como auxiliar de obras. Aos 17, um acidente o deixou cego do olho direito.
Casou-se com Agar Conceição de Sousa Costa, que teve 12 gestações. Em duas houve aborto espontâneo.
De auxiliar, passou a mestre de obras. Francisco viveu alguns anos em Araguari (MG) e, em 1958, aceitou proposta de emprego como pedreiro em SP. Anos depois, abriu uma papelaria e trabalhou nela até a aposentadoria.
A música e a fotografia sempre estiveram presentes em sua vida. Francisco tocava clarineta. Gostava de colocar os netos na varanda para ensinar o instrumento e de reunir todos para tirar fotografia. "A casa dele é cheia de fotos da família”, conta a neta, a comunicóloga Mirele Costa, 46.
Francisco era a marca da honestidade. Criou os filhos com rigidez. Deu condições de estudo e formação a todos.
Vaidoso e independente, morou sozinho até há um ano atrás. A família o monitorava através de câmeras instaladas na casa, o que o deixava irritado de vez em quando. Aos domingos, fazia o café e preparava a mesa com pães e paçoca de amendoim para receber os filhos.
Para ele, os aniversários dos familiares eram tão importantes que mantinha uma lista presa à geladeira com as datas.
Francisco Costa morreu dia 14 de maio, aos 101 anos, de pneumonia. Deixa nove filhos (um já era falecido), 19 netos, 18 bisnetos e dois tataranetos.
Francisco havia pedido para ser cremado e que as cinzas fossem jogadas num rio atrás da casa onde morou, em Estrela do Sul. Os filhos cumprirão a promessa assim que passar a pandemia de Covid-19.
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