Como seria se os escritores argentinos Jorge Luis Borges ou Julio Cortázar trocassem suas máquinas de escrever por máquinas de captar instantâneos? Se a Remington fosse deixada de lado por uma Leica? É nessa imaginária linha tênue que passa o ensaio da repórter fotográfica da Folha, Karime Xavier.
Durante mais de dois meses, de uma tensa e intensa cobertura da quarentena provocada pelo covid-19, na Grande São Paulo, Karime lançou olhar não apenas para os temas sensíveis provocados pela pandemia, mas se voltou também para as realidades aleatórias, que sequer notamos em nosso cotidiano.
Enquanto fotografava a luta dos profissionais essenciais ou o drama dos cidadãos transgêneros esquecidos nas ruas pelas políticas públicas, a fotógrafa enxergou um mundo estranho, não-verbal, carregados de fantasias e ilusões. Seja no porquinho de cofrinho abandonado no meio da rua ou ainda na idílica paisagem pintada num muro da periferia de Guarulhos, a estranheza da realidade desafia o próprio real através das lentes de Karime Xavier.
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