Dois anos após o desabamento de edifício Wilton Paes de Almeida, que deixou sete mortos e 291 famílias desabrigadas, a gestão Bruno Covas (PSDB) anuncia que construirá um edifício de uso misto de 15 andares no lugar do prédio destruído.
O empreendimento, em frente ao largo do Paissandu, terá 90 unidades para moradia social e equipamentos da Prefeitura de São Paulo. Localizado na esquina da avenida Rio Branco com a rua Antônio de Godói, prédio deve ser batizado como Novo WPA, as iniciais do antigo edifício.
Erguido nos anos 1960, o icônico prédio de vidro pertencia ao governo federal —teve vários usos, de sede da Polícia Federal a agência do INSS. Largado desde o fim dos anos 2000, o prédio foi invadido por sem-teto e virou moradia precária para centenas de famílias.
O edifício pegou fogo na madrugada do dia 1º de maio de 2018 e desabou. Os desdobramentos da tragédia duraram meses, com um grande número de desabrigados e o largo do Paissandu ocupado por essa população.
O processo de doação pelo governo federal, cujas negociações duraram quase dois anos, já foi terminado, segundo a prefeitura. A Câmara autorizou o uso de verba pública para a construção e o contrato deve ser assinado na segunda-feira (4).
Projetado por arquitetos da própria prefeitura, o espaço terá entradas tanto pela av. Rio Branco quanto pela r. Antônio de Godói. Com 15 pavimentos, sem contar o térreo, ele será mais baixo que o Wilton Paes de Almeida, que tinha 24.
Na parte inferior, aberta ao público, haverá espaços das pastas de Cultura e Desenvolvimento Social. O conceito é o da chamada fachada ativa, em que o andar térreo é aproveitado para outras funções que não moradia. Logo acima, no primeiro e segundo andares, haverá apartamentos projetados especialmente para idosos e portadores de necessidade especiais. Essas unidades terão sanitários adaptados e próprios para uso com cadeira de rodas.
O terceiro pavimento consiste em espaço com áreas de lazer exclusiva aos moradores. Os demais andares serão de apartamentos com plantas diferentes, que poderão ter um ou dois dormitórios.
É o primeiro conjunto habitacional da prefeitura que divide espaço com equipamentos públicos.
A prefeitura estima que, entre licitação e obras, o projeto saia do papel em 32 meses, com entrega prevista para 2022. O custo do projeto é de R$ 15 milhões, dinheiro que vem do Fundurb (Fundo de Desenvolvimento Urbano).
“É uma vitória assinar o contrato do terreno, ter o projeto pronto e o recurso reservado para a obra, porque foi um dos momentos mais dolorosos da minha gestão à frente da prefeitura. Infelizmente a tragédia já está completando dois anos”, afirmou o prefeito Bruno Covas. "Na administração pública nem sempre conseguimos resolver de imediato certas situações e a gente acaba sofrendo junto com as pessoas por causa da demora. Importante agora é resolver".
Segundo a prefeitura, os critérios de escolha para morar no local serão os mesmos do aluguel social para pessoas em situação de rua. Também deve haver prioridade para idosos e pessoas com necessidades especiais.
Questionada se os antigos moradores da ocupação estão incluídos, a prefeitura afirmou que “eles entraram no auxílio aluguel para aguardarem atendimento habitacional definitivo e já estão sendo atendidos”. A cidade ainda tem um déficit estimado em 474 mil moradias.
Conforme a Folha mostrou no início do ano, a construção vai dar rumo a mais um ponto degradado no centro. O terreno onde ficava o prédio sem uso e os tapumes que cercam o entulho com frequência são depredados ou furtados.
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