Capitão Adriano é acusado de um terceiro homicídio na mesma noite que Marielle morreu

Adriano Nóbrega foi morto em operação na Bahia em fevereiro, quando estava foragido

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Rio de Janeiro

Deflagrada na manhã desta terça-feira (30), no Rio de Janeiro, a operação Tânatos aponta a participação do ex-capitão Adriano Nóbrega no assassinato de um desafeto. É o terceiro homicídio de que ele foi acusado. A morte ocorreu na mesma noite do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

A polícia descartou o envolvimento do Escritório do Crime, do qual Adriano faria parte, na morte da vereadora. Ela foi assassinada em torno das 21h30 no bairro do Estácio, no centro do Rio. Por volta da meia noite, segundo a investigação, ocorreu na Barra da Tijuca a morte da qual Adriano Nóbrega é acusado e que ensejou a operação desta terça.

Amigo do ex-PM Fabrício Queiroz e já homenageado pela família Bolsonaro, Adriano foi morto por agentes do Bope em 9 de fevereiro de 2020 durante operação de captura na zona rural da cidade de Esplanada, no interior baiano. Ele estava foragido desde janeiro de 2019, sob acusação de integrar milícia.

Investigações realizadas ao longo dos últimos dois anos concluíram que houve participação de Adriano no assassinato de Marcelo Diotti da Mata na noite de 14 de março de 2018 no estacionamento de uma hamburgueria na Barra da Tijuca. Diotti, que já havia sido preso por homicídio e exploração de máquinas caça-níqueis, era visto como um concorrente de Adriano no jogo ilegal.

Segundo investigações, Diotti era suspeito de tentar matar Adriano. Para os investigadores, o capitão comandava o Escritório do Crime no Rio, realizando assassinatos sob encomenda.

Realizada em conjunto com o Ministério Público e as policias Civil e Militar, a operação Tânatos —uma alusão ao deus da morte na mitologia grega— culminou, segundo as investigações, com a prisão de dois "herdeiros" de Adriano no Escritório do Crime. Foram presos Leonardo Gouvêa da Silva, o “Mad”, e Leandro Gouvêa da Silva, “Tonhão”.

Titular da Delegacia de Homicídios do Rio, o delegado Daniel Rosa descartou envolvimento do Escritório do Crime no assassinato de Marielle e Anderson.

Ronnie Lessa não integra o Escritório do Crime. Lessa tinha uma carreira solo”, afirmou o delegado, em referência ao acusado de executar a morte de Marielle.

Segundo o Ministério Público, a organização tinha estreita relação com o ex-capitão Adriano, "que exercia forte influência sobre o bando, o qual nutria verdadeira reverência a sua representatividade no submundo do crime".

A primeira acusação a pesar contra Adriano ocorreu em 2003, quando um técnico de refrigeração foi morto durante uma operação policial na Cidade de Deus.

Pertencentes ao mesmo Batalhão, Adriano da Nóbrega e Fabrício Queiroz —ex-assessor de Flávio Bolsonaro, preso no dia 19 de junho—, foram acusados pelo homicídio. Eles não chegaram a ser presos.

Em janeiro de 2004, Adriano foi preso pela morte de um guardador de carros que teria denunciado milicianos na véspera de seu assassinato.

Em outubro de 2005, o capitão foi condenado em júri popular, mas recorreu em 2007 e conseguiu a absolvição em novo julgamento.

Amigo do capitão, Fabrício Queiroz indicou a mulher e a mãe de Adriano para trabalhar no gabinete de Flávio. Então deputado, Flávio fez duas homenagens ao capitão, que na época já tinha sido expulso da PM. Hoje presidente, Jair Bolsonaro prestou homenagem a Adriano no plenário da Câmara.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.