A Faculdade Zumbi dos Palmares e a Afrobras, em parceria com a Agência Grey, lançam na próxima semana o Movimento Ar de combate ao racismo.
O nome é uma alusão ao caso de George Floyd, homem negro morto por um policial branco nos EUA. Durante a abordagem, Floyd teve o pescoço prensado no chão pelo agente Derek Chauvin e falava que não estava conseguindo respirar.
A campanha vai publicar o manifesto “Vidas negras importam: nós queremos respirar”, que diz: "O ódio racial envenena o ar que respiramos, sufoca e asfixia todos e a nação". O documento vem reunindo assinaturas de personalidades negras, escritores, esportistas, artistas e instituições. O cantor e compositor Martinho da Vila, um dos signatários, vai fazer a leitura do texto. "A morte de George Floyd nos Estados Unidos alavancou um movimento antirracista no mundo, e são procedentes os manifestos e debates a respeito da violência policial e do racismo no nosso país”, afirma o artista.
Como resposta a mortes como a de Floyd ou a de João Pedro, menino de 14 anos assassinado durante uma ação policial dentro de sua casa, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio, a iniciativa aponta também dez ações efetivas para reduzir o impacto do racismo na vida da população negra.
O plano de ação, a ser atingido em cinco anos, elenca medidas para garantir o acesso ao mercado de trabalho, pede a reformulação nos protocolos policiais, a criação de oportunidades de estudos para jovens negros e a implementação do Fundo Vidas Negras Importam, entre outras ações, tendo como meta alcançar 30% delas em um ano.
Entre as ações, há o pedido de prorrogação do sistema de cotas raciais, que deve ser reavaliado em 2022. Para o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente, a ideia é que essas iniciativas tirem as pessoas negras do centro do debate e coloquem nele toda a sociedade brasileira, a fim de promover mais reflexão.
“Não é só uma coisa de negros, pura e simplesmente, mas é um trabalho de negros de todas as cores com aqueles que têm valores consonantes”, diz o reitor. Para ele, o movimento é importante para colocar a pauta racial na agenda pública. "O negro tem esse joelho no pescoço desde o nascimento, com o impedimento dos nossos sonhos, da nossa vida. Se a gente não se movimentar, o nosso país vai continuar com os joelhos sobre os nossos pescoços.”
A campanha vai ser lançada no dia 30 de junho, em cerimônia com a presença do reitor que será transmitida pelas redes.
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