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Estados relatam falta de sedativos em UTIs, e ministério promete compra emergencial

Problema ocorre desde maio e se agravou nas últimas semanas; grupo pediu apoio federal

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Brasília

Em meio a reclamações sobre falta de medicamentos sedativos necessários para intubação de pacientes com Covid-19 em UTIs, o Ministério da Saúde informou nesta quinta-feira (18) que irá intermediar junto à Opas (Organização Pan-americana de Saúde) uma compra emergencial desses produtos no mercado internacional.

A medida ocorre após secretarias estaduais de saúde reclamarem de falta desses medicamentos e de demora na resposta do governo federal a pedidos de apoio.

"Estamos apelando desde meados de maio e não vimos horizonte nesse momento", disse o presidente do Conass, conselho que reúne secretários estaduais de saúde, Alberto Beltrame, em reunião com a pasta. "Já emprestei medicamentos, outros estados emprestaram, mas temos um limite", disse.

Segundo o grupo, o problema tem se agravado nas últimas semanas. Sem esses remédios, como anestésicos e relaxantes musculares, não é possível fazer a intubação de pacientes em UTIs, e há risco de morte.

Em geral, os medicamentos são adquiridos por hospitais e secretarias de saúde. O aumento na demanda pela pandemia, no entanto, tem dificultado a compra, afirmam.

Dados de levantamento feito conselho no início de junho apontou problemas de abastecimento de ao menos um desses medicamentos em ao menos 24 de 25 secretarias estaduais de saúde ouvidas. Entre eles, estão brometo de rocurônio, fentanila e midazolam.

Segundo o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, a ideia é que seja adquirida quantidade necessária para suporte emergencial, mas que "não impacte no mercado nacional".

O ministro não informou a quantidade que será adquirida, mas reconheceu que a situação é crítica.

Ainda de acordo com o ministro, a pasta fará uma ata de registro de preços para que estados e municípios possam aderir e fazer a compra no mercado nacional. O pagamento será feito por estados e municípios.

O anúncio ocorreu em reunião nesta quinta-feira entre a pasta e secretários de saúde. No encontro, secretários reclamaram de solidão no combate à pandemia e falta de apoio do governo federal nos últimos meses.

"Secretários estaduais e municipais de saúde se sentem sós no enfrentamento dessa pandemia. Estamos sós defendendo o isolamento social e por muito tempo enfrentando dificuldades enormes", afirmou Beltrame.

Sem apoio federal, afirma, estados e municípios "foram jogados a um cassino internacional, com desigualdade de condições" para compra de equipamentos.

As críticas ocorrem após estados serem alvo de operações por problemas na compra de produtos, como respiradores.

Apesar das declarações, o grupo fez um aceno ao ministro interino, negando crítica direta à atual gestão. "Temos visto uma luz no fim do túnel pela retomada do diálogo e conversa franca, mas ainda temos sentimento grande de solidão", afirmou Beltrame.

Além do apelo para compra dos remédios, o grupo também reclamou de atrasos na habilitação de novos leitos de UTI —procedimento em que o governo federal passa a custear leitos abertos pelos estados e municípios.

Em resposta aos gestores, Pazuello disse que o ministério trabalha em um conjunto de orientações junto à Casa Civil para que estados e municípios que decidirem pela reabertura de algumas atividades econômicas "façam com cuidado para que não haja efeito bumerangue".

Ele não deu, porém, detalhes da medida.

Alvo de memes nas redes sociais na última semana após dizer que Norte e Nordeste seguiam o inverno do Hemisfério Norte, o ministro evitou fazer uma análise maior sobre a pandemia.

Segundo ele, porém, a maioria das capitais já "cumpriu sua curva" e a tendência atual é de aumento de casos no interior. Ele não apresentou dados específicos.

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