Descrição de chapéu Obituário Paulo César Alcântara Bittencourt (1956 - 2020)

Estudante aos 64 anos, fotógrafo morre de Covid em Salvador

Montado numa bicicleta, Paulo Bittencourt circulava por espaços culturais da capital baiana

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Salvador

Quando a figura grisalha de Paulo César Bittencourt surgia em meio à enxurrada de automóveis das ruas de Salvador, quase sempre estava acompanhada de sua incansável bicicleta. Bittenca, como era conhecido, desfilava numa bike personalizada, ao estilo das motocicletas Harley-Davidson, “incrível e esquisita”, segundo amigos.

Foto exibe um homem de óculos, cabelo crespo escuro e barbas grisalhas
Paulo César Alcântara Bittencourt, 64, vítima da Covid-19 na Bahia - Arquivo pessoal

Acorrentava o equipamento a um poste ou a uma estrutura qualquer e seguia, quase sempre, em direção a teatros, galerias de arte ou às várias bibliotecas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde foi estudante até o fim da vida, aos 64 anos.

Bittenca era aluno do curso de arquivologia, graduação que deu sequência à sua formação no Bacharelado Interdisciplinar em Artes, com ênfase em Cinema e Audiovisual, pela mesma universidade.

O percurso acadêmico, entretanto, não chegou a superar a sua trajetória artística - pela qual ficou conhecido na cena audiovisual soteropolitana. Desde os anos 70, foi ator, videasta e diretor de cinema e de teatro. Teve maior destaque na função de fotógrafo profissional, em que trabalhava de forma autônoma na maioria das vezes. Além disso, sempre fez questão de se engajar em oficinas e cursos de formação artística.

O relativo prestígio local não foi suficiente para que ele construísse uma carreira sólida. Nos últimos anos, segundo amigos, Bittenca enfrentava dificuldades financeiras. Desde 2019, tentava engrenar uma empresa de produção audiovisual, a Prisma Pro`Arte.

Era descrito como solitário, sereno e um tanto tímido. Às vezes, insondável. “Jamais falou a respeito de familiares”, diz Marco Paixão, que o conheceu quando também era estudante da UFBA. Segundo ele, no lugar de prosas íntimas, Bittenca costumava contar histórias sobre o início da carreira, sobre sonhos antigos e projetos futuros, até mesmo ligeiras aventuras amorosas, mas nada muito revelador.

De acordo com nota da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-Ba), Paulo Bittencourt faleceu no dia 13 de junho, no Hospital Ernesto Simões, Salvador, vítima da Covid-19.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.