Descrição de chapéu Coronavírus

Homem derruba cruzes e ataca homenagem a vítimas da Covid-19 no Rio

Ação de ONG Rio de Paz foi alvo de vandalismo em Copacabana

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Rio de Janeiro

Na manhã desta quinta (11), as areias da praia de Copacabana amanheceram com cem covas rasas marcadas por cem cruzes de madeira e bandeiras do Brasil. A ação da Rio de Paz, ONG de defesa dos direitos humanos, quer chamar a atenção para as mortes pela Covid-19 no país. Foram expostas faixas com a frase “Na contramão do mundo”.

O ato sofreu um ataque de um homem ainda não identificado. Vídeos publicados nas redes sociais mostram o momento em que ele cam inha, sem máscara, por entre as cruzes derrubando-as, sob protestos e palavras de incentivos de pessoas que passam pelo calçadão.

“Não pense que todo mundo é cordeiro, não. Todo mundo já acordou para essas ações da esquerda, ninguém suporta mais isso”, diz o homem ao ser abordado por Márcio Antônio do Nascimento. Usando uma máscara amarela, ele começa a recolocar as cruzes.

Segundo Lucas Louback, coordenador de projetos e ativista da Rio de Paz, nenhum dos voluntários da entidade tentou impedir o homem que baixava as cruzes.

Márcio Antônio passa então a colocá-las no lugar e fala aos presentes que é pai de um jovem morto pelo novo coronavírus.

“Garoto com 25 anos, saudável, morreu. E vocês ficam com essa palhaçada aí”, diz ele. “Respeita as outras pessoas. Tem que respeitar”, grita em seguida.

Márcio Antônio é pai de Hugo Dutra do Nascimento Silva, morto em maio em decorrência do novo coronavírus, no Rio de Janeiro. Hugo deixou um filho de cinco anos.

Há ainda vídeos mostrando gritaria entre pessoas, algumas sem máscara, no calçadão diante da discussão.

Segundo a Rio de Paz, o ato tem como objetivo protestar contra "a sucessão de erros cometidos pelo Governo Federal na condução da crise humanitária gerada pela pandemia".

"Nosso ato tinha como objetivo sinalizar uma representação do caos que se tornou o sistema de saúde e representamos isso através das valas", diz Louback.

Louback afirmaque, desde o começo da manhã, a manifestação da Rio de Paz foi alvo de diversos ataques e ofensas verbais de pessoas que caminhavam pela praia.

"Alguns interpretaram como um ato de caráter político e começaram a nos hostilizar."

A Rio de Paz não tem vínculo partidário. Em suas redes sociais, a organização diz que repudia as atitudes de ódio. “Nossa manifestação é a favor da vida. Quem pode ser contra isso?”, diz a postagem da entidade.

Nesta quinta (11), o Brasil ultrapassou a marca de 40 mil mortes pela Covid-19, segundo dados compilados pelo consórcio entre Folha, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo, G1 e UOL.

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