A advogada Maria Helena Pinheiro foi precoce em algumas situações que a vida lhe apresentou.
Nascida em Manaus, aprendeu a ler aos três anos de idade. Perdeu o pai aos 13 anos e precisou se acostumar com um estilo de vida com poucos recursos.
Inteligente e proativa, aos 16 anos Maria Helena foi aprovada no vestibular para direito. O ingresso no mercado de trabalho seguiu o movimento da sua vida.
Entrou jovem para o Banco do Estado do Amazonas (posteriormente privatizado e adquirido pelo Banco Bradesco).
Em um “bailinho” Maria Helena conheceu o primeiro marido. O casamento com o comissário de bordo Roberto Campos Firpo ocorreu quando tinha 20 anos.
O casal decidiu viver no Rio de Janeiro. Aos 36 anos, Roberto morreu e deixou Maria Helena –na época com 26 anos– com um filho de quatro anos e uma bebê de dois meses.
Maria Helena voltou a Manaus, mas não se acostumou mais com a cidade. Antes mesmo da mobília chegar, mudou-se novamente para o Rio de Janeiro.
O recomeço da vida profissional foi como secretária, mas logo entrou para uma indústria nuclear, onde ficou até se aposentar. Lá teve a chance de atuar como advogada. Outros dois casamentos vieram. Do segundo, nasceu uma menina.
Maria Helena foi guerreira. Deu tudo de melhor aos filhos, principalmente a educação.
Após o terceiro relacionamento, aposentou sua vida sentimental e decidiu dedicar-se integralmente à família. Além de super mãe, tornou-se super avó.
O filho Sergio Firpo, 49, professor do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) conta que Maria Helena foi mãe e pai.
“Ela era exigente, moderna, generosa e presente. Sempre muito preocupada com os filhos. Mil recomendações quando saíamos, mesmo depois de velhos: olhar para os lados ao atravessar a rua, não sair sem documento, tomar cuidado com ladrão”, diz.
Vaidosa, nunca saía de casa sem passar lápis nos olhos e dar a última olhada no espelho. Nem quando adoeceu.
Maria Helena Pinheiro morreu dia 15 de junho, aos 72 anos, por complicações de um câncer. Separada, deixa três filhos, três netos, a mãe Maria Zuleide, que completará 107 anos em 11 de julho, e três irmãs.
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