A figura doce, sorridente e de cabelos brancos levemente cacheados da professora Guaracira Gouvêa tinha várias facetas. Talvez a mais significativa tenha sido a abertura de um novo campo de trabalho e pesquisa até então pouco conhecido no Brasil: a educação em museus.
Guaracira foi protagonista na formação de educadores e pesquisadores nessa área.
Além disso, lecionou física e ciências em escolas públicas e privadas, criou e editou a Revista Ciência Hoje das Crianças e dirigiu o Centro de Ciências do Rio de Janeiro e o Departamento de Educação do Mast (Museu de Astronomia e Ciências Afins) até 2002. Atualmente, era professora da Unirio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), pesquisadora e docente do programa de pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
"Perdi minha grande amiga, uma pessoa incrível, profissional competente e carinhosa, com um enorme senso de ética e de justiça social. Com Guaracira aprendi a amar o mundo dos museus e entender como é relevante o papel dos educadores e das instituições culturais na promoção de uma sociedade mais justa e igualitária", diz a amiga Martha Marandino, 54, professora associada da Faculdade de Educação da USP.
Guará sempre se pautou pelo diálogo, pelo respeito às diferenças e pela paciência. Boa ouvinte e agregadora, sua dose de preocupação com o próximo era generosa.
"A contribuição da Guaracira não só pode ser percebida em sua produção científica e acadêmica mas em especial na atuação política e profissional. Ela sempre esteve ao lado da justiça e lutou por uma educação ampla e de qualidade durante a ditadura em nosso país", diz Martha.
Guaracira amava o marido, o professor Antônio Cláudio Gomes de Souza, morto em fevereiro último, e a família.
Sofria de Parkinson e morreu por complicações cardíacas, no dia 16, aos 72 anos. Deixa dois filhos e três netos.
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