Paraná bate 10 mil casos e vive pior semana da pandemia

Com alta em taxa de ocupação de UTIs, cidades voltam a fechar comércios

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Curitiba

O Paraná bateu nesta terça-feira (16) recorde de casos e mortes pelo novo coronavírus e está enfrentando sua pior semana da pandemia da Covid-19 desde março, quando teve os primeiros registros da doença.

Com 841 novos diagnósticos em 24 horas e 30 mortos em alguns dias, o Paraná chegou à marca total de 10.557 pessoas infectadas e 364 óbitos. O estado também tem visto a taxa de ocupação de leitos crescer e atingir mais de 70% em algumas regiões.

No Paraná, taxa de ocupação de leitos para Covid-19 cresceu em poucos dias; na foto vemos várias pessoas de costas, em torno de um leito, visto a partir de um corredor do Hospital do Trabalhador, em Curitiba
No Paraná, taxa de ocupação de leitos para Covid-19 cresceu; na foto, vista do Hospital do Trabalhador, em Curitiba - Gilson Abreu/AEN

Apesar de manter a 22ª posição em registros da Covid-19, os números deste boletim estadual são parecidos com os últimos dados do Maranhão, que ocupa o 5º lugar na tabela.

Presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, o paranaense Clóvis Arns já havia previsto o cenário preocupante. “Mesmo hospitais privados de Curitiba já estão sem vagas de UTI ou com poucas disponíveis”, disse ele no domingo (14) sobre a situação da capital.

A gestão Ratinho Jr. (PSD) escolheu apostar no bom senso da população e deixou a cargo das prefeituras as regras de reabertura de comércio, shoppings e outras atividades. Assim, a maioria das cidades já havia retomado praticamente toda a economia e agora, com a taxa de contaminação e de ocupação de leitos se agravando, estão revendo as medidas.

Uma delas é Curitiba, que registrou recordes da pandemia nesta terça-feira: foram 510 novos casos —maior número desde março — e seis mortos. Uma das explicações da prefeitura para os dados é a inclusão de 428 testes ambulatoriais que tiveram os resultados disponibilizados.

Mesmo assim, o restante dos 82 resultados positivos representa o dobro do número registrado no dia anterior, e a prefeitura admite um crescimento exponencial da doença. A taxa de ocupação de UTIs chegou a 78%, batendo 83% das unidades reservadas para adultos.

“É urgente que a população tome medidas de proteção ou em duas semanas não teremos mais leitos”, alertou a infectologista da secretaria municipal de saúde, Marion Burger.

Na segunda-feira (15), a prefeitura acendeu o alerta laranja, nível médio entre três criados na semana passada para balizar o funcionamento de setores da economia.

Ainda assim, shoppings, academias e outros estabelecimentos, que seriam originalmente fechados, foram mantidos abertos com restrições, após protestos de empresários do setor em frente ao prédio da prefeitura e à casa do prefeito Rafael Greca (DEM). Parques e praças foram interditados.

Outra parcela da população, contrária à flexibilização, tem reagido contra o político nas redes sociais. O Ministério Público também pediu explicações à prefeitura sobre as concessões.

Em resposta, Greca gravou um vídeo em que afirmou que as pressões decorrem do ano eleitoral e cita “inimigos políticos” que empurram a população “para a morte”.

O município resistia às restrições de comércios e serviços desde o início da pandemia. Em maio, o prefeito citou em uma rede social que os curitibanos vinham seguindo o “modelo sueco” de combate à doença, apostando na “inteligência” da população.

Só agora, com o aumento exponencial de casos, Greca está tomando medidas mais severas. Apesar das respostas, ele apelou novamente para o bom senso. “O Brasil não pode conviver com desobediência civil num momento que é preciso disciplina e regras sanitárias”, declarou.

Outro fator que levou ao crescimento dos casos no Paraná foi a contaminação em frigoríficos –são mais de 300 no estado, empregando cerca de 100 mil pessoas. O estado já teve que controlar altas da Covid-19 em algumas regiões com influência da atuação das empresas.

Atualmente, Cianorte, cidade do noroeste do estado com 82.620 habitantes, vive o pior momento de enfrentamento da doença. Após contaminação em um abatedouro de aves, a regional de saúde que congrega esta e outras dez cidades, reunindo cerca de 160 mil pessoas, possui a maior taxa estadual de casos confirmados do novo coronavírus por 100.000 habitantes.

Entre os grandes municípios do estado que já haviam reaberto comércio e serviços, todos estão voltando atrás e revendo as medidas.

Em Cascavel, no oeste, há toque de recolher a partir das 20h, restrição de horário de funcionamento de estabelecimentos e suspensão da gratuidade dos ônibus. Nos finais de semana, há lockdown. A cidade está entre as que têm maior registro de casos do novo coronavírus por número de habitantes, segundo estudo da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

A região figura entre as que possuem a maior taxa de ocupação de UTIs exclusivas para pacientes com a doença (72%), ao lado da leste, onde fica Curitiba, com 74% dos leitos preenchidos.

A prefeitura de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, também estabeleceu toque de recolher nesta semana após receber mais de mil denúncias de festas e aglomerações. A medida vale a partir de sexta-feira (19), nos finais de semana, das 23h às 9h.

Na região norte, com comunicação próxima com o estado de São Paulo, os maiores municípios também estão revendo medidas.

A prefeitura de Maringá mandou fechar de bares e restringiu o funcionamento de outras atividades. Londrina instituiu multas para pessoas e empresas que descumprirem regras, como uso de máscaras de proteção e promoção de aglomerações

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