Professor mineiro era dedicado e via a profissão como a mais bonita

Wisley Falco Sales, 55, foi vítima de coronavírus

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Stela Masson
UBERLÂNDIA

Wisley Falco Sales nasceu em Centralina, cidade mineira com pouco mais de 10 mil habitantes, na divisa com Goiás. Filho de um caminhoneiro e uma dona de casa, queria ser engenheiro e lutou muito para alcançar o sonho. Em 1983, conseguiu ingressar no curso de engenharia mecânica na Universidade Federal de Uberlândia (MG). Não parou mais: fez mestrado, doutorado e três pós-doutorados, dois deles no exterior (Universidade London South Bank, Inglaterra, e Universidade de Kentucky, EUA).

Considerava a profissão de professor a mais bonita que existe e a exerceu com paixão na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Orientava com prazer e interesse os trabalhos de conclusão de curso (TCC), tarefa que muitos professores evitam, e se dedicou igualmente ao mestrado e doutorado, inspirando ideias para aplicações da engenharia mecânica.

Em 2016, de volta da Universidade de Kentucky, passou a desenvolver projetos ligados à construção de próteses, em conjunto com áreas médicas e odontológicas.

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Wisley Falco Sales, 55, vítima de coronavírus - Arquivo pessoal

“Ele buscava apoio financeiro de todas as formas, inclusive com deputados estaduais e federais, para dotar o laboratório de Usinagem da UFU com equipamentos de alta precisão para fabricar os protótipos e as próteses”, lembra o colega Álisson Rocha Machado, que foi seu orientador no doutorado. “E ele acreditava que ainda iria conseguir”, lamenta o amigo.

Em 5 de junho, última vez em que os dois se falaram, Wisley comentou que tinha sintomas de Covid-19. Estava em casa, em isolamento, mas trabalhando ativamente. Desde o início da pandemia, o professor já usava os canais digitais para orientar projetos dos alunos e manter contato com os colegas de outras universidades.

Na madrugada de 11 de junho, deu entrada no hospital Madrecor com um quadro de insuficiência pulmonar. Morreu no dia 15, aos 55 anos.

“Teve uma vida breve mas intensa no trabalho e na espiritualidade”, diz o filho Tiago, 24, biólogo que acaba de ingressar no doutorado. “Nos faz uma falta imensa mas, segundo suas crenças, continua trilhando novos caminhos em outros planos e sempre em evolução.”

Casado três vezes, Wisley deixa mãe, três irmãos, três filhos —que amou incondicionalmente, segundo Tiago—, a atual companheira e muitos amigos da área acadêmica.

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