Descrição de chapéu Coronavírus

Pulverizada no estado, Covid-19 só não atingiu rincões que representam 1% da população de SP

Cidades proibiram abertura de locais como marinas para impedir turismo

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Ribeirão Preto

A pequena Rifaina, 464 km ao norte de São Paulo, vive dias muito atípicos. Acostumada a receber turistas com suas velozes lanchas e motos aquáticas em todos os finais de semana em sua praia artificial e na represa de Jaguara —na divisa com Minas Gerais—, ela agora está às moscas. E é assim que a prefeitura quer que ela permaneça nos próximos dias.

Rifaina é uma das 83 cidades paulistas que, no início da noite desta quarta-feira (9), não tinham casos confirmados do novo coronavírus, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde.

Elas, porém, representam uma população diminuta: cerca de 450 mil habitantes, ou 1% dos mais de 44,6 milhões no estado, de acordo com a fundação Seade.

Em Rifaina, cidade de 3.600 habitantes, há 1.200 lanchas, barcos e motos aquáticas abrigadas em suas mais de 20 marinas. Com 600 ranchos às margens de Rifaina e Sacramento, cidade mineira que fica na divisa, o turismo é o motor da economia local.

A prefeitura decidiu manter as rampas de acesso à represa fechadas, bem como a praia artificial. O receio é que, ao liberar, os donos entendam que o turismo náutico está liberado.

“Que [as pessoas] saiam para trabalhar, para o lazer esperem um pouco mais, porque [a pandemia] vai passar e nós vamos ter vocês de volta com o maior prazer. Agora, por favor, turistas, esperem passar”, disse o prefeito de Rifaina, Hugo César Lourenço (PPS), num vídeo divulgado pelo governo.

Algumas das cidades livres por ora da Covid-19 estão agrupadas, o que gera ilhas sem casos confirmados no mapa paulista. São os casos de seis cidades vizinhas no Vale do Ribeira e de quatro, no Vale do Paraíba, ainda conforme os dados da Secretaria da Saúde.

No sul do estado, Iporanga, Itaoca, Ribeira, Itapirapuã Paulista, Barra do Chapéu e Bom Sucesso de Itararé estão nessa situação, conforme os dados desta quarta do governo paulista.

Rifaina fica numa região que tem ainda Ribeirão Corrente, Jeriquara e Cristais Paulista livres da doença, mas o prefeito disse que o fato de não ter nenhum caso confirmado ou suspeito não deve servir para reabrir atividades que possam contribuir com a chegada da Covid-19.

“Entendemos que se abrirmos, dermos liberdade para que essas lanchas circulem na água, teremos uma grande possibilidade de esse vírus chegar rapidamente à cidade. E espero que nunca chegue. Não queremos ser culpados se caso esse vírus chegar.”

Dirigentes de templos religiosos têm pedido a reabertura, o que foi rejeitado pela prefeitura por ser medida contrária ao decreto do governador João Doria (PSDB) de prorrogação da quarentena.

A menos populosa das cidades sem casos do novo coronavírus é Fernão (1.716 habitantes), vizinha a Gália e Lucianópolis —também sem casos no sistema, segundo o estado—, na região de Bauru.

Ela chegou a ter um caso confirmado em maio, mas descobriu-se que era um ex-morador da cidade que não tinha atualizado seu cartão nacional de saúde, hoje residente em Ubirajara. Os dados de mortes e óbitos referem-se ao local de moradia do paciente, conforme o governo estadual.

“Ressaltamos que, independentemente da situação, necessitamos que a população fique em casa, mantenha o isolamento social e use máscara de proteção”, diz trecho de nota da prefeitura.

Outro problema, comum a essas localidades, é a quase inexistência de equipamentos de saúde para socorrer casos mais graves da doença. Em alguns casos, os pacientes precisam ser transportados em ambulâncias para unidades hospitalares distantes até 82 quilômetros de sua cidade de origem.

Agente do setor de vigilância sanitária e epidemiológica faz desinfecção com hipoclorito de sódio 1% em asilo de Cafelândia Crédito: Divulgação

A maior dessas cidades sem casos da Covid-19 é Cafelândia (17 mil habitantes), que adotou medidas como levar remédios às casas de pacientes crônicos, para evitar que saiam às ruas. Mesmo assim, a prefeitura afirma ser inevitável a chegada do novo coronavírus.

“Lins e Guarantã têm casos, então realmente é inevitável que chegue. O que fizemos foi tentar reduzir a possibilidade de contaminação para dar condições de atendimento à população também. Se o sistema consegue atender 10 pessoas ao mesmo tempo, se aparecer 50 entraremos em colapso”, disse o diretor de saúde da cidade, Clóvis Alves de Oliveira Filho.

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