Descrição de chapéu Coronavírus

Após 31 dias internada, médica pediatra morre de Covid-19 na Paraíba

Ela comprou equipamento de instrução para colegas de trabalho se protegerem da doença da qual foi vítima

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Aline Martins
João Pessoa

Mãe de quatro filhos e avó de duas crianças, a médica pediatra Ana Lúcia Freire Cantalice, 56, fez o primeiro diagnóstico da Covid-19 em um bebê em Campina Grande (PB), onde trabalhava, e alertava para o risco de contaminação de bebês pelo novo coronavírus.

Médica havia 33 anos, chegou a comprar EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) para seus colegas de trabalho se protegerem da doença, da qual acabou sendo vítima.

Depois de 31 dias internada em um hospital particular de João Pessoa para tratamento da Covid-19, a médica pediatra não resistiu e morreu nesta quinta-feira (23).

A médica pediatra Ana Lúcia Freire Cantalice, que morreu de Covid-19 na Paraíba após 31 dias internada para tratamento - Reprodução/redes sociais

Filha de pai eletricista e mãe auxiliar de serviços gerais, a médica nasceu para servir ao próximo, de acordo com a sua nora Amanda Suelem.

“De origem humilde, transformou as dificuldades em motivos de superação. Ela foi uma mãe, esposa, avó, a sogra dos sonhos, irmã, amiga e profissional exemplar. Ninguém podia ter um problema que ela só sossegava quando encontrasse uma solução. Era resiliente, justa”, disse.

Amigos e familiares a caracterizavam como uma pessoa dedicada à família, à medicina, aos pacientes e querida por todos que a conheciam.

Formada em medicina pela UFCG (Universidade Federal de Campina Grande) em 1986, aos 22 anos, a médica --que segundo a família tinha sobrepeso e apneia do sono como comorbidades-- possuía especialização em neonatologia e, durante a pandemia, passava dia e noite estudando formas de contribuir.

“Até mensagem para médica na Itália ela mandou. Queria entender cada dia mais. Mobilizou todos pra conseguir EPIs para os locais de trabalho, mudou a rotina da UTI neonatal e dos hospitais por onde trabalhava. Fez o primeiro diagnóstico de recém-nascido com Covid-19 da cidade”, disse a nora.

Em sua carreira, passou por várias unidades de saúde. Atualmente era servidora do Isea (Instituto de Saúde Elpídio de Almeida), em Campina Grande, no agreste da Paraíba, onde fazia o acompanhamento de recém-nascidos. Além disso, também atuava na FAP (Fundação Assistencial da Paraíba), na mesma cidade.

Vice-presidente do Conselho Regional de Medicina na Paraíba, o médico Antônio Henriques de França Neto disse que Ana Cantalice, como era conhecida, foi uma “profissional sempre muito dedicada, nunca desistindo de seus pacientes e sempre ajudando a todos”.

O CRM-PB, o Simed-PB (Sindicato dos Médicos da Paraíba) e a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) lamentaram a morte da médica. Conforme nota de pesar da SBP, a médica era uma profissional incansável.

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