Uma aeronave de pequeno porte caiu no início da noite desta quarta-feira (8) na zona norte de São Paulo. Pelo menos uma pessoa morreu.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o avião caiu na avenida Bráz Leme, no trecho da Casa Verde (zona norte). Trata-se de uma das principais na região, nas proximidades do aeroporto Campo de Marte, e com fluxo especialmente intenso de bicicletas e pedestres que ocupam a ciclovia do canteiro central no fim da tarde.
De acordo com policias militares e bombeiros que estão no local, apenas o piloto estava na aeronave e ninguém foi atingido no entorno do acidente. Os bombeiros informaram que encontraram um corpo carbonizado no local. Foram enviadas sete viaturas para atender a ocorrência e o fogo no local já foi controlado.
Francisco Martins, aposentado e morador da região, passou pelo local do acidente momentos antes Quando chegou em sua casa, a pouco menos de um quarteirão de distância, escutou a explosão.
O aeroporto ficou fechado entre 18h09 e 19h01. A Infraero informou que a aeronave bimotor, BE-58, prefixo PR-OFI, vinha de Ubatuba com destino ao Campo de Marte e ao tentar realizar o pouso apresentou problemas e caiu na avenida Braz Leme.
Com capacidade para 5 passageiros, a aeronave da Beech Aircraft, modelo BE58, foi fabricada em 1975 e desde 2016 está registrada em nome do empresário Renato Kazakevic, de acordo com dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Ainda segundo o órgão, a aeronave não tinha permissão para realizar táxi aéreo.
Em nota, a Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) informa que vai investigar as causas do acidente a fim de prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram. A faixa da avenida onde caiu o avião foi inteditada para perícia e retirada da aeronave, mas seria liberada antes das 21h.
Em maio, o Campo de Marte teve uma média de 93 pousos e decolagens. Em 2018, dois acidentes semalhantes aconteceram na região. Um piloto morreu em julho, após ficar preso nas ferragens; em novembro, duas pessoas morreram e 11 foram feridas quando um monomotor caiu numa área comercial.
A região tem em seu histórico o registro de ao menos outros seis acidentes graves desde a década de 1980.
Futura concessão
Em agosto de 2017, a Prefeitura de São Paulo e a União oficializaram um acordo para transformar parte do terreno do Campo de Marte em um parque municipal. Uma parcela da área também contará com um museu aeroespacial.
A ideia do então prefeito João Doria (PSDB), assumida pelo sucessor Bruno Covas (PSDB), era conceder o parque e o museu à iniciativa privada. À época, Doria disse que o projeto, no longo prazo, implicaria na desativação da pista de aviação do Campo de Marte.
Desde o acordo com a União a prefeitura recebeu dois estudos de possíveis interessados (na fase chamada de PPMI - Procedimento Preliminar de Manifestação de Interesse), que foram analisados, e atualmente elabora cronograma para desenvolvimento do projeto, sem data prevista para conclusão.
A construção do parque, segundo a prefeitura, custará cerca de R$ 250 milhões e só será feita se assumida pela iniciativa privada.
O parque previsto teria 270 mil metros quadrados e seria construído em uma área de 400 mil metros quadrados cedida para uso pela Aeronáutica. Como parte do acordo com a União, também será construído um museu aeroespacial em uma área de aproximadamente 66,5 mil metros quadrados, com acervo composto por aviões da FAB, do museu Santos Dumont e do extinto museu da TAM.
Ainda não há acordo com a Infraero, que detém 46% do terreno total, sobre esse tema.
Segundo projeto apresentado pela prefeitura, o parque teria 2,2 km de pistas de corrida e ciclovias, 2,5 km de trilhas para caminhada com estações de ginástica, três quadras poliesportivas e espaços para piquenique e meditação.
“A prefeitura já havia feito a proposta de receber aquele espaço e transformá-lo em parque. Espero que o governo eleito dê continuidade ao que foi combinado com o atual governo que é a vinda gradual daquele espaço para a prefeitura e a desativação do aeroporto”, disse o prefeito Bruno Covas nesta sexta.
Colaborou Thiago Amâncio
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