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Coronavírus faz SP adiar Carnaval de 2021 nas ruas e no Anhembi e cancelar Parada LGBT

Desfile pode acontecer em maio ou junho; data será definida em reunião com Liga das Escolas de Samba

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São Paulo

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou nesta sexta-feira (24) o adiamento do Carnaval 2021 por causa da pandemia do novo coronavírus. Nem escolas de samba nem blocos de rua desfilarão em fevereiro.

A parada do Orgulho LGBT presencial de 2020, que já havia sido adiada do primeiro para o segundo semestre, também foi cancelada. A edição de 2021 foi adiada para novembro do próximo ano. Os dois eventos, junto com a prova brasileira de Fórmula 1, também cancelada pelos organizadores, são os que mais trazem turistas e dinheiro à capital paulista.

O adiamento foi discutido em reunião entre a Liga das Escolas de Samba de São Paulo e Covas nesta quinta (23). A Liga defendeu uma nova data da festa para que as escolas pudessem se preparar para o desfile. A proposta apresentada ao governo era de que o evento acontecesse em maio.

"Finalmente batemos o martelo e estamos adiando o carnaval do ano que vem. Conversamos com vários blocos de Carnaval, os blocos tradicionais da cidade. E tanto as escolas de samba quanto os blocos entenderam a inviabilidade de organização do carnaval para fevereiro do ano que vem", disse Covas.

Segundo o prefeito. As três semanas de desfiles de blocos de rua e de escolas de samba renderam aos cofres da cidade cerca de R$ 2,75 bilhões.

A data oficial do Carnaval 2021 será, segundo Covas, definida em conjunto com as escolas de samba e com outras cidades paulistas que também organizam os eventos.

A Liga, favorável ao adiamento dos desfiles, comemorou a decisão anunciada nesta sexta. Membros da entidade ouvidos pela Folha consideraram o impacto é positivo, porque tira das escolas o peso de correr contra o tempo para preparar um desfile que poderia ser cancelado e gerar grande prejuízo.

Segundo a Liga das Escolas de Samba, 26 das 34 escolas já haviam divulgado seu enredo para 2021. Dentre elas, 12 ainda estão escolhendo o samba-enredo que levarão para a avenida. Além disso, apenas uma escola, a Nenê de Vila Matilde, apresentou os protótipos das fantasias que serão utilizadas.

“Em média, as escolas levam cerca de seis a oito meses para preparar um desfile. Com o adiamento do Carnaval, o tempo de desenvolvimento também foi estendido”, diz comunicado da Liga.

Para o presidente da Dragões da Real, Renato Remondini, a preocupação da escola é, primeiramente, saúde e responsabilidade social. A escola já doou a pessoas em vulnerabilidade social mais de 40 toneladas em alimentos frutos de doações dos próprios associados da escola. “Estamos preocupados em ajudar muitas pessoas e garantir os empregos dos nossos funcionários. Somos favoráveis ao adiamento”, disse.

Remondini afirma que apesar de o adiamento ter impacto econômico, as perdas não se comparam a um cancelamento. “Em relação ao Carnaval 2022, porque as escolas trabalharão já sabendo que haverá dois carnavais próximos. Certamente o sambista que quer garantir sua folia, emprego e renda para muitas famílias e proporcionar à população acesso à cultura, certamente vai estar assegurado.”

Clarício Gonçalves, diretor de carnaval da Vai-Vai afirma que a decisão tomada pelos presidentes das escolas de samba em prol do adiamento do desfile tem como foco a saúde das comunidades das escolas.

“O Brasil está passando por uma perda inestimável, mais de 82 mil vidas. Em minha opinião, se não houver vacina, acredito que nós, presidentes, vamos nos sentar e repensar. Isso [a pandemia] é algo pelo qual ninguém esperava”, disse.

Não será o primeiro ano em que o Carnaval é adiado. A mudança já aconteceu outras vezes no Brasil.

Em 1892, a festa foi transferida para o dia 26 de junho devido ao acúmulo de lixo nas ruas causado pelos foliões. O adiamento, no entanto, não deu certo, e naquele ano o Carnaval foi comemorado duas vezes, em fevereiro, a revelia do governo, e na data oficial, em junho.

O outro adiamento aconteceu em 1912 devido à morte do Barão do Rio Branco pouco antes da comemoração. O barão era uma figura respeitada socialmente e em respeito a sua memória o Carnaval foi transferido para o dia 6 de abril. Novamente, os foliões tomaram as ruas em duas ocasiões naquele ano.

Em ambos os casos o Carnaval funcionava de forma diferente do conhecido hoje. Não havia desfiles de escolas de samba no sambódromo do Anhembi —que foi fundado em 1991. Os foliões costumavam ir às ruas fantasiados para festejar e “guerrear” com farinha, água e limão.

Foi só em 1986 que o desfile das escolas de samba foi formalizado (embora as primeiras experiências, segundo registros, sejam de 1930).

Já sobre a Parada do Orgulho LGBTQIA+, Covas disse que o evento presencial na avenida Paulista, no centro da capital, que seria realizado em 29 de novembro, foi cancelado também por causa da pandemia. Em junho, mês do Orgulho LGBTQIA+ e quando tradicionalmente a parada paulistana é realizada, o evento ocorreu de forma virtual, com a Paulista foi iluminada com as cores do arco-íris.

Também a Marcha para Jesus, em junho, foi cancelada. O evento foi substituído por uma carreata. A marcha, que acontece anualmente no feriado de Corpus Christi, é o maior evento gospel evangélico do Brasil. Em 2019, o presidente Jair Bolsonaro se tornou o primeiro presidente a participar da marcha desde sua criação, em 1993.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto trazia um erro de digitação na sigla LGBTQIA+, trocando A por U. O título já foi corrigido.

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