O sorriso estampado no rosto do biólogo Luiz Eloy Pereira, um dos grandes nomes da pesquisa de arbovírus no Brasil, demonstrava o quanto executava a profissão com amor.
A trajetória foi espelhada na história do pai, o técnico de laboratório, Luiz Pereira. Assim, aos 16 anos, Luiz Eloy ingressou como estagiário no Instituto Adolfo Lutz.
Em 1980, formou-se em ciências biológicas, tornando-se durante os anos seguintes um pesquisador especializado em identificação de aves, morcegos e roedores silvestres.
A filha, a bióloga Roberta dos Santos Pereira, 37, conta que ele identificava a espécie dos pássaros pelo canto, o que lhe rendeu o apelido de Luiz Passarinheiro.
Doutor em Pesquisas Laboratoriais em Saúde Pública, seu conhecimento foi importante para a descoberta de diversos agentes virais e de seus reservatórios, entre eles o arenavírus e o hantavírus.
Por sua vasta experiência com vírus emergentes, Eloy era conhecido como caçador de vírus e estava envolvido em pesquisas relacionadas ao novo coronavírus.
“Ele era um importante pesquisador de vírus e dos animais portadores desses vírus. Alegre, simpático e feliz. Muito querido no Instituto [Adolfo Lutz]. Tinha uma coleção de aves e morcegos que gostava de mostrar a todos. O trabalho que ele realizava em pesquisas era muito importante e poucos fazem”, diz o amigo, o patologista clínico João Renato Rebello Pinho.
De espírito protetor, sempre foi muito preocupado com a família. Quando os filhos estavam em idade escolar, era farto de material para ajudá-los com os trabalhos escolares.
As reuniões entre a família e os amigos perdiam a graça sem a sua presença. Cabia ao Luiz Eloy desfilar o acervo de piadas e as gargalhadas sonoras. Tinha humor e energia de sobra para brincar com os netos.
Deixou aos filhos a inspiração para que seguissem seus exemplos de amor, otimismo, honestidade e justiça.
Nos momentos de descanso, a natureza era a sua companheira. Gostava ir para o sítio em Guararema (79 km de SP) cuidar dos bichos e das plantas.
Aposentou-se em 2016, mas continuou a trabalhar até março, início da pandemia.
Em sua vida, não houve tempo para o safári na África e a Disney (EUA) com a família.
Luiz Eloy Pereira morreu no dia 7 de julho, aos 69 anos, de Linfoma não Hodgkin. Deixa esposa, dois filhos e quatro netos.
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