Descrição de chapéu Obituário Fernanda Ramone (1978 - 2020)

Mortes: Diminuiu a distância cultural entre o Brasil e a China

Fernanda Ramone era atraída pela arte e cultura

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São Paulo

Aos dois anos de idade, a paulistana Fernanda Ramone roubava a cena quando ia com a família a restaurantes com música ao vivo.

“Ela subia no palco, dançava e fazia graça para as pessoas sem a menor timidez”, lembra a mãe, a aposentada Roberta Ramone, 68.

Extrovertida e irreverente, Fernanda vivia rodeada por amigos. Gostava de sair, viajar, participar de eventos. Buscava o novo, aprender caminhos diferentes.

Tudo que tinha arte e cultura roubava um pouco do seu olhar. Ia da capoeira às aulas de música e ao desenho —atualmente, rascunhava ilustrações para o projeto de um livro infantil. Fernanda também produzia um livro sobre a China.

Fernanda Ramone (1978-2020)
Fernanda Ramone (1978-2020) - Arquivo pessoal

Veio a pandemia do novo coronavírus e as cores da sua vida ficaram um pouco desbotadas. Impossível fechar em quatro paredes alguém com tanta energia para viver.

Escolheu o curso de relações internacionais. As viagens, o hábito de leitura e as amizades com pessoas de áreas e perfis diferentes também agregaram cultura. Seu conteúdo de vida, bem como a alegria, não cabiam dentro de 41 anos.

Na adolescência, queria ser veterinária. Desistiu ao trabalhar um período num petshop, na Vila Mariana (zona sul).

Segundo Roberta, o interesse de Fernanda pela China começou no bairro da Liberdade (centro). Ela encurtou a distância cultural entre os dois países.

Fernanda morou nove anos em Pequim, de 2004 a 2013. Tornou-se sinóloga (estuda a civilização chinesa), mestre em gestão da indústria cultural pela Universidade de Beijing.

Na China, trabalhou como jornalista em emissoras de rádio e TV. Fernanda também foi consultora, realizadora cultural, curadora, jornalista e palestrante. Idealizou e organizou o DocBrazil Festival (dedicado a divulgação de documentários brasileiros na China), entre outras atividades. Atualmente, Fernanda era responsável pelo site Planeta China e colaboradora da revista Extramuros.

“Perdi a minha irmã que falava chinês sem sotaque, que lia e estudava sem parar enquanto eu tentava entender como ela fazia isso tudo com tanta facilidade. A Fe me ajudou desde quando tocava piano ou ouvia Pearl Jam, até me convencer a dar meu primeiro beijo...me lembrou do quanto eu era bom e devia confiar em mim e na minha carreira”, diz o irmão, Renato Ramone, 37.

Fernanda Ramone morreu dia 6 de julho. Deixa os pais e quatro irmãos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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