Descrição de chapéu Obituário Ágata Tinoco (1948 - 2020)

Mortes: Na vida e nas aulas, foi amiga e companheira dos alunos

Ágata Tinoco era doutora em Arquitetura e Urbanismo pela USP

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São Paulo

A postura da professora Ágata Tinoco com os alunos que deixavam o ensino médio e ingressavam na faculdade mostrava o quanto a nova fase pedia seriedade.

Em alguns momentos, Ágata era firme e impetuosa em suas colocações, mas com o tempo, a figura exigente e intimidadora saía de cena para dar lugar à professora amorosa, acolhedora e companheira. A mistura de emoções e sensações que provocava a marcou como docente.

Ágata nasceu na Hungria. Aos 8 anos, mudou-se com a família para a Argentina em decorrência da perseguição aos judeus no pós-guerra.

Ágata Tinoco (terceira à dir, de lenço vermelho) e família
Ágata Tinoco (terceira à dir, de lenço vermelho) e família - Arquivo pessoal

“Na ocasião, tudo foi deixado para trás, exceto os documentos e a roupa do corpo”, conta o filho, o administrador de empresas Bernardo Muylaert Tinoco, 41. Aos 21, Ágata fixou residência no Brasil.

Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela USP, atualmente era professora, orientadora de projetos de graduação em design e de iniciação científica, e supervisionava as disciplinas de Projeto do Curso de Design da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Como docente, trabalhou por 35 anos na Faap (Fundação Armando Álvares Penteado).

Foi membro da Comissão Assessora de Avaliação da área do Design para o Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), jurada de alguns prêmios do Museu da Casa Brasileira e representante das universidades sediadas no município de São Paulo na Comissão de Proteção à Paisagem Urbana.

“A Ágata levou sua honestidade para a vida em todos os aspectos. Com ela não tinha tempo feio, estava sempre disposta a ajudar. Suas palavras eram sábias e de conforto. Com ela tudo ficava mais leve”, afirma o amigo há 16 anos, o professor Marcello Montore.

Com os três netos era uma avó açucarada e aprendiz. Mãe de dois homens, Ágata estava aprendendo a lidar com meninas, pois tinha duas netinhas de um ano - e também um neto com sete anos. A experiência só aumentava o carinho e a admiração dos filhos. “Ela viveu muito para a família”, afirma Bernardo.

A dedicação de Ágata à família e aos alunos era contagiante. Nem doente e já internada no hospital deixou de ministrar suas aulas.

Ágata Tinoco morreu dia 23 de junho, aos 72 anos, por complicações de um câncer. Deixa marido, dois filhos e três netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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