Descrição de chapéu Obituário Edevard Viotto (1940 - 2020)

Mortes: Multi-instrumentista e compositor, formou gerações de músicos

Badê, maestro que já foi parceiro de Manito, morreu aos 79 anos, em Bauru

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São Paulo

O maestro Edevard Viotto, o Badê, viajava de trem ao lado do pai quando foi descoberto pelo baterista da orquestra Mauro de Campos, famosa na época. Encantado com o menino de 12 anos que tocava sanfona para divertir os passageiros, o baterista levou o líder da orquestra até a casa de Badê, em Pederneiras (a 323 km de São Paulo) e conseguiu a contratação do garoto.

"Eu tocava e o meu pai dançava", lembrou Badê ao falar sobre a época ao Programa Nota 10, apresentado na TV Preve de Bauru. O pai, que presenteara o menino com uma sanfona e tocava violão, pedia para ele se apresentar aos passageiros enquanto percorriam o trecho entre Pederneiras e Dois Córregos (262 km de SP).

Badê, morto na quarta-feira (15), aos 79 anos, estreou em um baile em 1953, na comemoração pela formatura de engenheiros agrônomos de Piracicaba (160 km de SP). Foi o início de uma longa trajetória de apresentações em bailes, festas, eventos e emissoras de rádio e TV.

 O maestro Badê (1940-2020) ao lado da cantora Cezira Viotto, sua filha
O maestro Badê (1940-2020) ao lado da cantora Cezira Viotto, sua filha - Reprodução/Facebook

Em Bauru (329 km de SP), para onde se mudou, foi contratado para acompanhar artistas no auditório da TV Bauru - Canal 2, além de ter feito sucesso nas rádios locais. Ficou conhecido da população ao tocar ao vivo ao lado de cantores como Dóris Monteiro, Cauby Peixoto e Noite Ilustrada.

Além de sanfoneiro, como gostava de ser identificado, Badê era pianista, saxofonista, arranjador e compositor de sambas, choros e jazz. Guardava pastas com mais de mil composições, muitas delas registradas em CDs.

Nos bailes da vida, viveu situações complicadas e cômicas, que contava com humor. Em 1954, por exemplo, teve que se proteger de um tiroteio durante uma briga em pleno baile entre um delegado e o prefeito da cidade onde a orquestra se apresentava. Em outro lugar, enfrentou agressões da população, irritada porque a festa acabara antes das 6h.

Ao longo de sua carreira, "Eu sei que vou te amar", de Tom Jobim, foi a música de mais sucesso nos shows, dizia. Mas a que ele mais gostava era "Luiza", também de Jobim, com Chico Buarque. Além de "Rosa", de Pixinguinha.

Ao lado de amigos músicos, Badê formou a Bauru Jazz Band, na década de 1990. O grupo conquistou o público em apresentações em diversas cidades com arranjos próprios para clássicos do jazz. Também entrou para a história a parceria com Manito, ex-líder da banda Os Incríveis. Manito morou em Bauru na década de 1980 e os dois artistas se aproximaram nessa época.

No dia de sua morte, Badê foi homenageado por vários músicos que lembraram da importância do maestro em suas formações.

"Meu primeiro contato com a música foi com uns 7 anos, com esse grande maestro em um coral infantil na escola", contou o músico Eduardo Guarnetti Johansen. "Meu maestro soberano faleceu. Gratidão por tudo, professor. Você me ensinou muito", disse o baterista Luiz Manaia, o Ralinho. "O momento é de tristeza e também de muita gratidão. São inúmeras lembranças de alegrias entre ensaios, palcos e principalmente as aprendizagens", afirmou a cantora Regina Mancebo.

A causa da morte de Badê não foi informada pela família. Ele deixou dois filhos e três netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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