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Rio começa a reabrir bares, restaurantes, academias e treinos na areia

Cidade passa para 3ª fase de retomada com queda na ocupação de leitos, mas sinais de aumento no contágio

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Rio de Janeiro

A cidade do Rio de Janeiro começa a reabrir nesta quinta (2) seus restaurantes, bares e academias, fechados para atividades presenciais desde meados de março por causa da pandemia do novo coronavírus. O prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) também liberou esportes individuais na areia, que na prática já vinham acontecendo.

A retomada desses serviços inicia a terceira fase da reabertura no município, que começou em 2 de junho. A prefeitura elaborou um plano de seis fases que são implementadas a cada cerca 15 dias, mas decidiu antecipar durante o mês a liberação de shoppings e comércios de ruas, por exemplo.

"Não há nada que celebrar, mas estamos nessa luta desde março. Sem sombra de dúvida, a baixa demanda de leitos de UTI e de enfermaria e o número de óbitos, que está estabilizado, nos mostram que tivemos um pico tenebroso em maio e que, depois, caímos para os patamares dos dias atuais", declarou Crivella à imprensa nesta quarta (1º).

Homem e mulher sentados em mesas separadas do lado de fora de um bar
Clientes bebem em bar em Copacabana no primeiro dia de reabertura de restaurantes e academias na cidade do Rio de Janeiro - Sergio Moraes - 2.jul.2020/Reuters

Além dos shoppings e comércios de rua, já estavam permitidos com restrições os hotéis, galerias, centros comerciais, salões de beleza e barbearias (que agora podem oferecer depilação e tintura de cabelo). Nas praias antes só estavam liberadas atividades no calçadão e no mar, mas muitos já usavam a areia com consentimento da polícia —segue proibido sentar e socializar.

A capital fluminense tem 58.615 casos e 6.689 óbitos confirmados pelo vírus, o que corresponde a cerca de metade dos registros no estado. Na manhã desta quinta, os leitos públicos para a Covid-19 na cidade estavam com 70% de ocupação nas UTIs e 39% nas enfermarias.

O município e o estado, que passaram por um colapso na rede de saúde no início de maio, veem esse índice cair nas últimas semanas, mas especialistas e profissionais de saúde temem que a reabertura da economia volte a inundar o sistema. A taxa de contágio e as notificações da doença já começam a subir.

"Que a gente não tenha recaída e não tenha que voltar atrás. Porque temos desemprego e crise econômica, de antes até da pandemia, e precisamos voltar às atividades", justificou Crivella na quarta, pedindo que os estabelecimentos e pessoas cumpram o que ele vem chamando de "regras de ouro" para evitar a doença.

Nas academias cariocas, que agora podem funcionar em horário integral, os clientes precisam agendar horários, respeitar uma distância de três metros por pessoa e sempre usar máscara.

Aulas de natação, luta e dança estão permitidas, desde que com hora marcada e sem contato físico. Já as saunas, salas para crianças e spas continuam proibidos. No crossfit só estão barrados equipamentos de difícil higienização, como pneus e corda naval.

A Bodytech do Jardim Botânico, na zona sul, havia recebido cerca de 30 clientes espaçados em toda a manhã desta quinta, sendo que antes se chegava a 80 simultaneamente. Funcionários medem a temperatura na entrada e fazem a limpeza dos aparelhos a cada três horas.

Em um grupo de Whatsapp de outra academia, um professor de yoga explica os novos horários enxutos das aulas mas, "como professor e pessoa", pede que os alunos não apareçam e acessem uma aula online. "Não saiam de casa ainda, é muito cedo, vamos ver como vai ser essa primeira semana de julho", diz.

Restaurantes e bares

Os restaurantes, bares, cafés, lanchonetes, lojas de conveniência, padarias e quiosques —que até quarta só podiam atuar com entregas, retiradas e drive-thru— agora têm que manter uma distância de dois metros entre as mesas, limitar os clientes a 50% de sua capacidade e priorizar espaços externos como varandas e calçadas.

A máscara só deve ser retirada no momento de comer, o horário máximo de funcionamento é 23h e estão proibidos música ao vivo e self-service. O Sindicato de Bares e Restaurantes da cidade (SindRio) aprovou as medidas, mas diz discordar de algumas regras.

"Quando tem muitas regras subrepostas fica difícil de seguir e fiscalizar. O critério da ocupação é ruim, por exemplo, porque existem restaurantes, como os de alta gastronomia, que já têm poucas mesas. O importante é a distância de dois metros, um critério único seria suficiente", afirma Fernando Blower, presidente do sindicato.

Outro ponto que desagradou foi a interdição dos buffets. "A prefeitura proibiu pura e simplesmente, obrigando a ter um funcionário servindo todo mundo na mesa. Mas nesse momento muitos não têm condição de contratar gente. Nossa ideia era que os clientes pudessem se servir um por vez, colocando luva descartável e álcool em gel no início da fila."

A estimativa do sindicato é de que 10% dos cerca de 10 mil estabelecimentos do setor na cidade já tenham sido fechados, e que um terço não tenha condições de continuar aberto até o fim do ano. Em abril, foram encerradas 18.925 vagas de emprego em bares e restaurantes no estado, sendo 11.541 na capital.

Também sócio do Meza Bar, no Humaitá (zona sul), Blower diz que não vai abrir agora e deve esperar a quarta fase, já que o estabelecimento é um lugar de encontros e confraternizações. Ele diz ser importante para a categoria que o governo federal prorrogue o prazo da suspensão dos contratos de trabalho.

"Como a demanda dos bares e restaurantes vai ser menor nesse início, não vamos conseguir voltar com as equipes completas. Se abrirmos com os custos integrais, é capaz de acabar aprofundando a crise financeira", defende.

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