Santos inaugura novo mercado de peixes, mas sofre com terminal abandonado

Espaço integra pacote de R$ 130 milhões para modernização do bairro Ponta da Praia

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Santos

A prefeitura de Santos, no litoral paulista, abriu ao público no último fim de semana o novo mercado de peixes da cidade, que integra um amplo processo de reformas e modernização do bairro Ponta da Praia, localizado na orla.

O investimento total no projeto é de pouco mais de R$ 130 milhões, custeado pela iniciativa privada por meio de compensação ao município exigida por lei e tem conclusão prevista para este ano.

“Projetamos o mercado mais moderno do Brasil e já temos o retorno de muita gente que está voltando a ir atrás dessa tradição. Acreditamos que tudo isso irá impulsionar a economia e o turismo da cidade”, afirmou o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB).

A obra do novo mercado foi concluída no início de abril, mas teve sua inauguração adiada devido às restrições provocadas pela pandemia do novo coronavírus. São 2.000 metros quadrados totalmente climatizados, com 20 boxes de comercialização de pescado, cinco a mais que a antiga estrutura, com parte já demolida.

Todos os espaços possuem câmara fria para gelo e área refrigerada para o lixo. Além disso, há um serviço de estacionamento para até 40 veículos. No mezanino, funcionará um restaurante especializado em peixes, que deve ser inaugurado em agosto.

“Tínhamos dois pontos de vendas de peixes. O próprio mercado antigo e a rua do peixe, que carregava problemas históricos com ações do Ministério Público por questões de higiene”, disse Glaucus Farinello, arquiteto e gestor do projeto.

As obras de revitalização da Ponta da Praia incluíram, também, a pavimentação de 5 km de pistas, o redimensionamento de 2 km de calçadão, a extensão da ciclovia e o plantio de 200 árvores, além de instalação de postes de luz, bancos e lixeiras.

O bairro é o principal ponto de acesso para a temporada de cruzeiros, além abrigar o Aquário Municipal, local mais visitado da cidade. Na inauguração do novo mercado, longas filas foram formadas.

Problemas

Paralelamente à inauguração do mercado, a pesca local tem sido alvo de preocupação de especialistas. O principal problema recai sobre o TPPS (Terminal Pesqueiro Público de Santos), a poucos metros do novo mercado, que sofre com abandono.

A prefeitura diz que a área pertence a União e que responsabilidade sobre o local é do governo federal. Mesmo assim, explica que tem reivindicado a revitalização do local. De acordo com o município, o atual governo tem demonstrado a intenção de privatizar o terminal. Como solução, estuda-se a possibilidade de uma gestão compartilhada.

As telhas do galpão principal estão enferrujadas e apresentam riscos de queda. Há mato alto e lixo por todo o terreno. O prédio da fábrica de gelo, utilizado para reservar os pescados, está há quatro anos sem funcionamento.

O terminal é considerado histórico e chegou a movimentar mais de 400 toneladas de peixes por mês. Hoje, de acordo com o gestor Milton da Silva Lamas, a presença de pescadores artesanais é escassa e o volume mensal não atinge 30 toneladas.

“Queremos recuperar o terminal. Deixá-lo apto a carga, descarga, gelo, óleo e toda a logística. Quem olha da janela vê um telhado quase caindo. Pedimos por caçambas de lixo, coisas básicas, e não somos atendidos”, conta Adriano Tancredi, proprietário de barcos pesqueiros e vice-presidente da Associação de Apoio Público ao Terminal Público de Pesca de Santos.

A associação foi fundada há poucos meses. Seu perfil nas redes sociais diz que a gestão do prefeito Paulo Alexandre Barbosa “não investe um centavo na única área pública de interesse para a pesca" e que a associação trabalha para conseguir investimentos públicos e privados para o terminal.

O projeto de recuperar o local nasceu motivado pelo Instituto Maramar, liderado pelo oceanógrafo Fabrício Gandini, idealizadores da campanha #minhacidadetempesca.

“Esse é um assunto delicado. O galpão atual está sucateado, precisaria de um prédio administrativo mais moderno, mas tudo isso precisa ser desenhado entre município e União. Tentamos isso desde o início dessa gestão e buscamos, agora, uma reaproximação com este governo. A intenção de Brasília é privatizar esse serviço”, afirmou Farinello.

Consultado, o gestor diz que o terminal conta com apenas três funcionários contratados por meio de licitação e também sofre com outro problema.

Com a locomoção do mercado, há a formação de gargalos no trânsito durante a madrugada e a manhã, com a chegada de diversos caminhões de peixes que comercializam nas ruas por atacado.

“O atacado que era feito até então na madrugada, em frente ao antigo mercado, agora está sendo feito na rua. Eles buscam o terminal, mas não há uma estrutura pronta para receber. Mostramos esse problema ainda na conversação do projeto”, disse Tancredi.

A prefeitura diz que ainda busca uma melhor forma de organizar o comércio para evitar problemas na região. O local está próximo ao bolsão de saída das balsas, conhecidas pelas longas filas de espera.

Mercado de Peixes de Santos
Avenida Mário Covas, 3.050, Ponta da Praia
Diariamente, das 7h às 18h
Tel: (13) 3222-2287
Funciona com aferição de temperatura corporal, aplicação de álcool em gel nas mãos, limitação de 40% da capacidade e uso obrigatório de máscaras

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