Quando o chamado novo normal estiver estabelecido, ou seja, no momento em que a pandemia do novo coronavírus estiver controlada, a população mundial terá de lidar com outro grande problema: as sequelas mentais que este período deixará em várias gerações, conforme alerta Jair de Jesus Mari, chefe do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo.
O psiquiatra é o convidado desta quarta-feira (1) do Ao Vivo em Casa, série de lives da Folha.
Na conversa, mediada pelo jornalista Emílio Sant'Anna, o professor titular da EPM-Unifesp fala sobre como o confinamento compulsório exige mudanças na rotina e explica os impacatos emocionais que isso causa, como ansiedade, angústia, irritabilidade e desconforto.
Segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta semana, os brasileiros têm cada vez mais medo de serem infectados pelo novo coronavírus. O levamento mostra que a parcela da população que disse ter muito medo do vírus chegou a 47% em junho, maior índice desde que a pergunta passou a ser feita, em março, quando 36% disseram temer muito a doença.
Neste cenário, Jair de Jesus Mari chama atenção para dois grupos específicos: os profissionais de saúde e as pessoas que sofreram com mortes inesperadas na família.
Segundo o psiquiatra, os profissionais que estão atuando na linha de frente do combate à pandemia são submetidos a um alto nível de exigência física e emocional, em estruturas assistenciais insuficientes para garantir segurança profissional.
No caso de quem perdeu alguém por conta da Covid-19, a impossibilidade de fazer os rituais habituais de despedida pode aumentar os casos de luto complicado com depressão e risco de suicídio.
Ele também acredita que o SUS (Sistema Único de Saúde) não está preparado para dar conta desses problemas.
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