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Com pandemia, Dia do Pendura tem restaurantes esvaziados em SP

Doença coibiu tradição de advogados de consumir sem pagar os estabelecimentos

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São Paulo

Ficou para o ano que vem a tradição do Dia do Pendura. Diante do perigo de contaminação pelo novo coronavírus e dos protocolos sanitários restritivos, estabelecimentos no centro de São Paulo não receberam clientes que costumam aparecer para a comemoração nesta terça (11).

Nela, advogados consomem em algum restaurante ou bar e não pagam a conta. A brincadeira, que às vezes não acaba bem, é feita na mesma data em que se celebra o Dia do Advogado, 11 de agosto.

“É difícil manter uma tradição numa situação tão triste”, diz Percival Maricato, presidente da Associação de Bares e Restaurantes de São Paulo (Abrasel). Maricato estima que entre 20% e 30% dos estabelecimentos já fecharam as portas por conta da pandemia.

Movimento fraco nos restaurantes da região do Centro Histórico de São Paulo. Sem a presença dos estudantes de Direito, e com a crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus, não acontece o tradicional Dia do Pendura
Movimento fraco nos restaurantes da região do Centro Histórico de São Paulo. Sem a presença dos estudantes de Direito, e com a crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus, não acontece o tradicional Dia do Pendura - Zanone Fraissat/Folhapress

No Ponto Chic, tradicional restaurante no Largo do Paissandú, centro de São Paulo, ninguém pendurou a conta nesta terça, mas isso não foi motivo de alegria para Rodrigo Alves, sócio do restaurante.

“Eu preferia ‘tomar o pendura’ hoje do que viver essa situação toda da pandemia, das restrições do protocolo”, diz.

Alves afirma que o restaurante vem ocupando totalmente a lotação permitida pelos protocolos, de 40% da capacidade total, o que aponta uma recuperação. “Vejo como algo gradativo, as pessoas vão se sentindo mais seguras e vamos melhorando. Mas ainda não atingimos o equilíbrio nas contas”, afirma.

A tradição nasceu na Faculdade de Direito, no Largo São Francisco, centro de São Paulo. O Dia dos Advogados remete à fundação da faculdade, em 11 de agosto de 1827, segundo lei assinada por D. Pedro I, então imperador do Brasil, menos de cinco anos após a independência do país.

O presidente da Associação de Bares e Restaurantes lembra que antigamente os donos de restaurantes próximos da faculdade até incentivavam o pendura, na tentativa de atrair clientes advogados.

Depois que a tradição se expandiu para além da faculdade e de seu entorno, e com o aumento dos cursos de Direito, ela ficou impraticável. “Além disso, os restaurantes costumam estar num equilíbrio muito precário entre despesas e receita”, diz Maricato.

Próximo à Faculdade de Direito, o tradicional restaurante Itamarati inverteu a lógica da tradição e criou a campanha do Despendura, para que clientes colaborem com o restaurante sem consumir. O restaurante também vendeu salgadinhos sob encomenda.

O Itamarati chegou a anunciar o fechamento em maio, demitiu funcionários, mas foi ajudado por um grupo de advogados. No Dia da Pendura, no entanto, com a pandemia do lado de fora, os salões permaneceram fechados na hora do almoço.

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