O físico Carlos Alfredo Arguello tinha projetos ambiciosos de divulgação e educação científica, como o de registrar e comparar os céus vistos por 40 etnias indígenas brasileiras. Na época, estava no interior de Mato Grosso.
Segundo explicou à Folha em outubro de 2002, o objetivo era comparar o modo como viam o céu e identificar eventuais contatos anteriores entre os povos indígenas.
Para o professor do Instituto de Física da Unicamp, José Lunazzi, Carlos ensinou o quanto é fundamental viver a natureza e conhecer o ser humano. "Ele estava sempre à procura do conhecimento humano nas diferentes culturas", diz.
Observar os astros celestes ocupava a lista seleta das coisas que gostava de fazer: assistir à Fórmula 1 deitado em uma de suas redes, inventar experiências de microeletrônica e robótica, navegar e mergulhar.
Frente ao mar, sua paixão, era um exímio nadador e fotógrafo da vida submarina. Tinha como admirador de suas fotos o oceanógrafo, documentarista e cineasta Jacques Cousteau, segundo conta a ex-cunhada, a cientista Yvonne Mascarenhas.
Carlos desbravou mares e atravessou continentes. Como conhecia astronomia, navegou em um veleiro seguindo a rota utilizada pelos navegantes portugueses orientando-se pelos astros.
Nascido em Lomas de Zamora, província de Buenos Aires, na Argentina, Carlos Arguello era licenciado em física pela Faculdade de Ciências Exatas Físicas e Naturais da Universidade de Buenos Aires e Instituto de Física José Antonio Balseiro de San Carlos de Bariloche, da Universidade de Cuyo.
No Brasil, iniciou a carreira junto com a esposa, a física Zoraide Primerano de Arguello (já falecida), na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro (a 173 km de SP).
Entre 1967 e 1968, estagiou como professor visitante na Universidade do Sul da Califórnia (EUA) e depois entrou para a Unicamp, onde ficou até 1994.
Carlos é considerado um dos pioneiros ao implantar o Laboratório de Óptica Física. Coordenou a implantação do Núcleo Interdisciplinar para a Melhoria do Ensino das Ciências da Unicamp, em 1983, e do Museu Dinâmico de Ciências de Campinas (93 km de SP).
Carlos Alfredo Arguello morreu dia 8 de agosto, aos 84 anos. A causa da morte não foi divulgada.
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