Descrição de chapéu Obituário Vilmar Betarello (1953 - 2020)

Mortes: Mecânico formado pela vida, amou as Harley Davidsons

Sem ter estudado Engenharia, Vilmar Betarello foi referência da Bosch em treinamento em mecânica para a América Latina

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São Paulo

Vilmar Betarello nunca estudou Engenharia, mas foi um exímio conhecedor de mecânica.

O único emprego que teve na vida foi na Robert Bosch do Brasil. Entrou na empresa aos 14 anos, como técnico automobilístico, e saiu em junho de 2014, aos 61 anos, quando se aposentou.

Tornou-se referência da Bosch em treinamento em mecânica para a América Latina.

Vilmar Betarello (1953-2020)
Vilmar Betarello (1953-2020) - Arquivo pessoal

Vilmar passou a maior parte da sua vida ali. No dia da aposentadoria, despediu-se dos colegas com o coração apertado.

“Quando deixei meu crachá na portaria e saí do estacionamento pela última vez, desabei. Fui chorando até em casa”, confessou a um velho amigo, tempos depois.

Vilmar optou por continuar perto da função que aprendeu a desempenhar e amar. Virou consultor da Bosch e da Froudenberg, do mesmo grupo do ramo automotivo.

As viagens para países da América Latina eram constantes, mas em terras brasileiras dedicava-se a outra paixão: sua moto Harley Davidson, modelo Fat Boy, para a qual tinha até uma oficina em sua casa, em Campinas (93 km de SP).

“Ele dedicava horas a lavar e revisar sua moto e as dos filhos, André e Fábio, a quem transmitiu a paixão sobre duas rodas. Brincava com o fato de trabalhar a vida inteira em uma empresa alemã e ter preferência por uma marca de motos norte-americana”, conta o amigo José Francisco Pacóla, jornalista, 58.

Aos finais de semana, reunia-se com amigos de motociclismo e fazia passeios pelo Circuito das Águas, no interior paulista, e Rastro da Serpente (como são conhecidas as rodovias SP-250 e BR-476 que unem os estados de São Paulo e Paraná) ou, às vezes, para destinos mais longos, como Foz do Iguaçu e Serra da Graciosa (PR).

“O Vilmar era discreto, agregador, educado e agradável. Amigo e solidário, estava sempre disposto a ajudar. Nunca reclamou das dificuldades da vida, embora tenha ficado órfão muito cedo e trabalhado desde a adolescência”, afirma Pacóla.

No dia 22 de julho, Vilmar perdeu a batalha para a Covid-19, após ter ficado 30 dias hospitalizado.Tinha 67 anos e deixa a esposa, dois filhos, dois enteados e quatro netos.

Quando seu estado de saúde se agravou, os amigos fizeram uma corrente de oração a distância, diariamente às 18h. No dia de sua morte, no mesmo horário, houve a última homenagem: os amigos ligaram o motor de suas motos e se despediram dele com o ronco inconfundível da Harley Davidson.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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