Descrição de chapéu Ao Vivo em Casa Coronavírus

Mundo pós-Covid dará mais atenção para novas pandemias, diz especialista

Com infectologista e futurista, live da Folha analisou mudanças após coronavírus

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São Paulo

Depois que a maioria da população estiver imunizada com uma possível vacina, a população deve ficar atenta para o surgimento de novas pandemias. A opinião é da futurista Rosa Alegria que participou, com a infectologista Raquel Stucchi, do Ao Vivo em Casa, nesta quarta-feira (19). A conversa foi mediada pelo jornalista Emilio Sant'Anna.

“Embora as pessoas estejam se comportando de forma irresponsável, vai haver um sinal de cuidado, pois poderá haver uma outra pandemia ou outro perigo. A sociedade já está contaminada pelo medo e por esperar pelo imprevisível”, afirmou Alegria.

Ela analisou que as mudanças previstas para esse período pós-pandêmico não são absolutamente novas, mas já eram previstas. “O que aconteceu é que a pandemia acelerou mudanças que já estavam acontecendo em relação ao modelo econômico, que já estava na berlinda ou com a relação sobre as mudanças climáticas”, disse ela, que citou que, com a desaceleração, o próprio céu ficou mais azul.

“Nós não vamos voltar para aquilo que deixamos, aquilo não era normal. Se algo não estava funcionando era isso, concentração de riqueza, injustiça, realidade, degradação ambiental”, concluiu a futurista, que é diretora no Brasil do Projeto Millennium , uma rede global de estudos sobre o futuro, presente em 67 países.

Para a infectologista Raquel Stucchi, as mudanças serão mais discretas, como a valorização do nosso cotidiano. Além disso, ela também espera que após a pandemia haja um fortalecimento do SUS (Sistema Único de Saúde). “Apesar de todos os problemas, foi o responsável para que não tivéssemos um cenário ainda mais desastroso”, afirmou a médica, que também é professora da Faculdade de Medicina da Unicamp e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Stucchi afirmou que o Brasil deve permanecer num platô de número de mortes e novos casos até que possamos ter uma vacina para imunizar acima de 70% de população brasileira. Assim, segundo suas previsões, a vida só deve retomar o normal daqui a um ano.

“Vemos bares com as pessoas muito grudadinhas umas das outras, festas clandestinas cada vez mais frequentes; para algumas pessoas, a realidade da pandemia parece não existir”, disse ela. “Os jovens se cansaram, e o problema é que eles voltam para casa e acabam transmitindo o vírus para os pais e avós, que são mais velhos e têm comorbidades”.

Ambas afirmaram que alterações de comportamento na população são algo difícil, mas concordam que algumas mudanças, como o trabalho remoto e o ensino a distância, vieram para ficar, o que nem sempre é bom. Stucchi afirma que, por exemplo, ao trabalhar de casa, as pessoas passaram a produzir ainda mais, sem hora para parar, além dos conflitos familiares terem aumentado.

“Não existe uma romantização desse trabalho remoto, o que vai acontecer é um emparelhamento entre o mundo físico e online”, pontua a futurista Rosa Alegria. “Não houve um isolamento social, mas físico, mas as relações pessoas acabaram se intensificando muitas vezes."

Já Stucchi buscou olhar para alguns pontos positivos que o isolamento trouxe, como núcleos familiares que perceberam que é possível dedicar um tempo do dia aos outros e dividir tarefas, principalmente aqueles que têm crianças em casa.

Rosa Alegria e Raquel Stucchi
Rosa Alegria e Raquel Stucchi - Núcleo de Imagem
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