A história de Juraci Lopes da Silva, o Jura, se mistura com a da Sadia, onde ele trabalhou por mais de quatro décadas. Aos 14 anos, o jovem gaúcho se tornou o funcionário nº 104 no frigorífico criado três anos antes, em 1944, em Concórdia, no oeste de Santa Catarina.
Ao longo dos anos ele fez vários cursos e cresceu dentro da empresa, chegando a supervisionar dezenas de engenheiros e técnicos, mesmo não tendo ensino superior. Segundo o genro de Jura, Remy Fontana, o fundador da Sadia, Attilio Fontana, tinha no funcionário de décadas um “dos interlocutores privilegiados e de confiança para assuntos operacionais no chão da fábrica”.
Incansável no trabalho, o gaúcho, que perdeu o pai aos três anos e trabalhava desde os nove, ajudou na criação do sindicato dos trabalhadores de Concórdia. Foi eleito vereador em 1969, 1972 e 1976 –neste, o mais votado–, presidiu a Câmara Municipal e chegou a assumir a prefeitura interinamente.
O esporte também permeou a vida de Juraci. Jogador de futebol desde a juventude, ele carregava sempre em seu bolso a carteirinha de associado do Internacional, segundo o genro. Na década de 1970, foi vice-presidente dos Jogos Abertos de Santa Catarina. Com o tempo, se dedicou ao tênis, parando aos 84 anos.
“Ele jamais deixou de ser quem era, um homem cordial, solidário e respeitoso com seus colegas de trabalho e com seus amigos. Nunca se constrangeu com suas origens humildes”, relembra Remy.
Após quase cinco décadas no oeste catarinense, o gaúcho de Erechim se mudou para Balneário Camboriú em 1995. Faleceu em 18 de junho, aos 87 anos, por causa do coronavírus. Viúvo, deixa três filhos e dois netos.
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