Em nova operação contra PCC em três estados, PF apreende helicópteros e iate de suspeitos

Justiça também faz bloqueio de R$ 730 milhões de pessoas ligadas ao braço da facção responsável por lavagem de dinheiro

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São Paulo

A Polícia Federal realiza nesta quarta-feira (30) nova operação de combate ao crime organizado, batizada de Operação Rei do Crime, tendo por alvo criminosos que atuam em “sofisticado esquema” de lavagem de dinheiro do PCC por meio de empresas ligadas ao setor de combustíveis.

Segundo a PF, o grupo suspeito movimentou cerca de R$ 30 bilhões em quatro anos.

Nesta etapa, de acordo com os investigadores, estão sendo interditadas 70 empresas utilizadas na lavagem de dinheiro da facção e bloqueio de contas bancárias no valor de R$ 730 milhões. Também estão sendo sequestrados 32 automóveis, 9 motocicletas, 2 helicópteros, iate, 3 motos aquáticas, 58 caminhões e 42 reboques e semirreboques, com valor superior a R$ 32 milhões.

Mais de 200 policiais federais participam da operação, que cumpre 13 mandados de prisão preventiva e 43 mandados de busca em cidades de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

O delegado Elvis Secco, coordenador-geral de Repressão a Drogas e Facções Criminosas, qualificou a operação desta quarta como um "divisor de águas", por demonstrar a forma correta de atuar contra o PCC, atacando sua estrtura financeira.

"Enquanto nós comemoramos apreensões pura e simplemente de drogas, essa facção se enriquece, se robustece, e infiltra na estrutura do país, em todas áreas. [...] Essa operação deve ser um divisor de águas de como o Brasil encara as facções criminosas, notadamente a facção criminosa paulista", disse ele.

Veículos apreendidos em operação da Polícia Federal de São Paulo realizada nesta quarta-feira (30) a suposto esquema de lavagem de dinheiro do PCC - Divulgação PF

Entre os alvos da operação, estão empresários do setor de combustíveis e um suspeito também condenado pelo envolvimento no furto ao Banco Central do Brasil, ocorrido em Fortaleza, em 2005. Ao todo 20 pessoas foram indiciadas e responderão pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados pela polícia.

Ainda de acordo com a PF, a investigação rastreou movimentações financeiras e identificou a existência de uma rede de combustíveis, inclusive uma distribuidora, que atuava lavando dinheiro para a facção criminosa. A rede tinha empresas com atuação sólida no mercado e empresas de fachada, ou compostas por laranjas.

As movimentações atípicas dessas empresas, segundo relatórios fornecidos pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) à Polícia Federal, ultrapassam R$ 30 bilhões.

De acordo com os delegados, a investigação teve início após a morte dos integrantes da facção Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, em fevereiro de 2018.

Ao investigarem os proprietários do helicóptero utilizado pelos assassinos dos dois, a Polícia acabou chegando a um contador e, com ele, descobriu-se uma série de empresas abertas para lavagem de dinheiro.

Entre essas empresas estava a rede de combutível, que não só atuava na capital na lavagem de dinheiro do nacrotráfico como também para a de outros crimes, segundo a PF.

“Conseguimos descortinar um importante braço financeira da facção criminosa que, na nossa percepção, pelas provas que nós arrecadamos, tem ligação direta com a sintonia final, com a liderança da facção criminosa. Acreditamos que obtivemos êxito na investigação com o bloqueio de bens”, disse o delegado Rodrigo de Campos Costa, coordenador da operação.

Ainda de acordo com a PF, o rede de postos de combustível será administratada por um conselho ligado à Senad (Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas), do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A medida visa garantir que os funcionários desses postos de combustíveis e lojas de conveniências continuem recebendo salários e, também, que o mercado não sofra desabastecimento.

No final do mês passado, a PF e Polícia Civil de Minas fizeram uma operação em 19 unidades contra o PCC. Nessa operação, batizada de “Caixa Forte 2”, da qual participaram 1.100 policiais, foram bloqueados R$ 252 milhões de pessoas envolvidas com os criminosos.

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