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Justiça do Rio determina monitoramento de Flordelis com tornozeleira eletrônica

Parlamentar é ré por suspeita de ter planejado o assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo

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Rio de Janeiro

A Justiça do Rio de Janeiro determinou que a deputada Flordelis dos Santos de Souza (PSD) seja monitorada por tornozeleira eletrônica e que permaneça em casa das 23h às 6h. Ela é suspeita de ter sido a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo.

A juíza Nearis Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, acatou pedido da Promotoria, que afirma ter dificuldades em localizar a deputada e ressalta que testemunhas se sentem intimidadas por Flordelis.

O Ministério Público também pediu a suspensão do exercício da função pública da parlamentar, requerimento negado pela juíza.

Na decisão, a magistrada cita fatos "novos e graves" narrados por uma das testemunhas do caso, a empresária Regiane Ramos. Em depoimento, ela afirmou que uma bomba foi jogada em seu quintal para intimidá-la.

A juíza diz ter decidido a favor do monitoramento eletrônico e do recolhimento domiciliar noturno para garantir a instrução processual, evitando interferências ou intimidações de testemunhas.

Ao negar a suspensão da função pública, a magistrada argumenta que os crimes imputados a Flordelis não têm relação direta com seu mandato.

"Não se vislumbra nos fatos narrados na denúncia (...) o uso da máquina pública ou o efetivo abuso do cargo eletivo para a prática dos crimes imputados, assim como não restou demonstrado que o exercício da função parlamentar possa de alguma forma causar prejuízo à instrução criminal."

Filhos de Flordelis são presos por suspeita de envolvimento na morte do pastor Anderson do Carmo - Reprodução / TV Globo

À Folha o advogado Anderson Rollemberg defende que caberia à Câmara dos Deputados decidir sobre o uso da tornozeleira eletrônica, e não ao Tribunal de Justiça do Rio. Ele diz que irá recorrer junto ao TJ e ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra a decisão.

O advogado também afirma que a determinação é "completamente equivocada" e se utiliza de argumentos que não são verdadeiros.

Ele nega que a deputada esteja tentando dificultar sua localização e diz que Flordelis não tem qualquer relação com a explosão de uma bomba no quintal da testemunha Regiane.

"Ela inclusive se encontrava em Brasília. A presunção de inocência está sendo deixada de lado o tempo todo", afirma.​

Ré na Justiça do Rio, Flordelis foi denunciada pelo Ministério Público ao final de agosto, por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado, associação criminosa, uso de documento falso e falsidade ideológica.

Com imunidade parlamentar, ela não foi presa. Apenas os flagrantes de crimes inafiançáveis são passíveis de prisão de deputados.

O pastor Anderson do Carmo foi assassinado a tiros na madrugada do dia 16 de junho de 2019, na porta de sua casa em Niterói, no Rio de Janeiro.

De acordo com os investigadores, a deputada teria sido responsável por arquitetar o crime e convencer os demais investigados a participarem da execução, além de simular latrocínio (roubo seguido de morte).

"O motivo do crime, descreve a denúncia, seria o fato de a vítima manter rigoroso controle das finanças familiares e administrar os conflitos de forma rígida, não permitindo tratamento privilegiado das pessoas mais próximas a Flordelis, em detrimento de outros membros da numerosa família", diz nota ​do Ministério Público.

Ainda segundo os investigadores, os denunciados tentaram matar o pastor outras seis vezes por meio da administração de veneno em comida e bebida.

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