Por ser chamado de comandante Andrade ao longo da sua trajetória como piloto de aviões, Marcus José de Andrade criou predileção pelo sobrenome. Queria ser chamado só de Andrade.
Nascido em São Joaquim do Monte (PE), era o mais velho de oito filhos. O pai era contador e a mãe, professora. Ainda criança, mudou-se com a família para Recife.
Andrade fez técnico em edificações, mas apostou no sonho de ser piloto. Fez o curso, foi aprovado e iniciou carreira no Aeroclube de Pernambuco.
Na época, a Embraer ampliava o número de aviões e o convidou para fazer testes como piloto.
No interior paulista, a primeira passagem de Andrade foi no Aeroclube Regional de Taubaté (140 km de SP). Depois, entrou como piloto de testes na Embraer, função que exerceu por mais de 20 anos.
A carreira continuou, mas na aviação executiva, com a família Moreira Salles.
Era rígido com regras, mas sensível e amoroso. Como sua mulher, Djardiete Maria Andrade Silva, hoje com 67 anos, escolheu seguir a doutrina espírita.
“Por ser preocupado em ser correto e com os valores éticos, ele era decepcionado com a política brasileira e foi muito consumido pelas notícias”, afirma o fotógrafo Keiny Andrade, 43, seu filho.
Além de viajar, que era a essência da sua atividade profissional, trabalhos manuais o agradavam. Andrade mantinha uma pequena marcenaria em seu sítio, em Guararema (79 km de SP). Lá, produzia móveis para uso da família.
A aviação também rendeu bons momentos ao lado de personalidades que sempre admirou, como os cantores Milton Nascimento, Alceu Valença e Gilberto Gil.
Sentia orgulho de estar nos créditos do documentário “Entreatos”, dirigido pelo cineasta João Moreira Salles, por ter levado a equipe de filmagem. O filme retrata os bastidores da campanha política de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Em algumas ocasiões, chegou a levar Lula, que também admirava, no avião da família do diretor.
Marcus José de Andrade morreu no dia 4 de setembro, aos 70 anos, por complicações de um câncer na garganta. Deixa a esposa, três filhos e dois netos.
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