Descrição de chapéu Obituário Manuel Eusébio Matias (1937 - 2020)

Mortes: Entre Portugal e Brasil, deixou histórias para contar

Manuel Eusébio Matias desistiu do sacerdócio aos 18 anos para viver seus sonhos no Brasil

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São Paulo

O português Manuel Matias quase seguiu a carreira sacerdotal. O espírito aventureiro somado ao fato de ter ouvido falar sobre pessoas que prosperaram no Brasil, o fez viver seus sonhos no país.

Manuel nasceu em Aguçadoura, uma aldeia da pequena Póvoa de Varzim (norte de Portugal).

Deixou para trás o pai, a mãe e os seis irmãos, além das lembranças de parte da infância e adolescência em um seminário de padres na região do Porto, onde viveu até 18 anos. Banhos frios às 5h, o estudo e as missas faziam parte de sua rotina.

Manuel Eusébio Matias (1937-2020) com a esposa Maria Augusta Carvalho Matias
Manuel Eusébio Matias (1937-2020) com a esposa Maria Augusta Carvalho Matias - Arquivo pessoal

Para o navio levou poucos pertences e uma dose de esperança, além do gosto pelos filmes clássico, como “E O Vento Levou” e “Um Lugar ao Sol”, pela literatura de Camões e Fernando Pessoa, por exemplo, e pela história —memórias de guerras e catástrofes o atraíam.

A viagem foi longa. Parou em sete portos diferentes até chegar a Santos (72 km de SP).

"Veio a São Paulo e instalou-se no porão da casa de um tio, em Higienópolis (centro). Logo arrumou emprego na Mesbla Caminhões, na área administrativa”, conta a filha, a jornalista Beth Matias, 53.

Inteligente e dedicado, gradativamente a vida mudou para melhor, até porque economizava tudo o que podia.

Saiu da casa do tio e foi para uma pensão. Depois a comprou. Trabalhou na Grassi, a maior empresa de carrocerias de ônibus da época, e teve um bar, mas detestava a vida do balcão. Quando estava com a vida estabilizada, trouxe a família de Portugal.

Na década de 60, criou a Carbrima – Carrocerias Britz-Matias. A TV Tupi, que começava a fazer externas e gravar novelas fora do estúdio, virou cliente.

A emissora procurava a Carbrima para transformar ônibus em links e camarins de artistas. A empresa também reformava ônibus para as principais empresas rodoviárias do estado.

“Manuel era reservado, austero, mas de um amor imenso e honestidade sem fim. Tinha um humor sarcástico e não tolerava malandragem”, afirma Beth.

Casou-se com uma prima de segundo grau, Maria Augusta Carvalho Matias, 78, e transformou os parentescos em uma grande confusão.

Orgulhava-se por ter formado as quatro filhas na universidade. A elas ensinou, entre muitas coisas, a independência financeira.

Manuel Matias morreu dia 20 de setembro, aos 83 anos, de insuficiência cardíaca. Deixa a esposa, quatro filhas, genros e quatro netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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