O jeito duro e um pouco rude de se manifestar do comerciante Joacir Nantes Xavier causava certo espanto.
Porém, quando uma criança surgia à sua frente, escancarava a verdadeira essência: um homem generoso, que amava a família, ajudava o próximo —até aqueles com quem não tinha afinidade— e proporcionava alegrias aos pequenos. Era considerado vovô por muitos.
"Após a morte do meu pai, entendi o quanto ele foi importante para o bairro e para a cidade", afirma o filho, o consultor de marketing Jhonathan de Souza Xavier, 27.
Joacir sempre recebia com guloseimas as crianças que entravam em seu bar e anualmente, no dia 12 de outubro, alugava um pula-pula para a diversão na rua.
"Enxergo esse olhar cuidadoso e preocupado com as crianças como uma forma de cuidar do futuro. As crianças são o futuro", diz Jhonathan.
Joacir nasceu em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Era o segundo mais velho de sete filhos. A infância foi humilde, mas no seio de família unida.
A felicidade de Joacir triplicava quando o assunto era o Fluminense. Torcedor fanático, levou o amor pelo time ao nome do comércio ao qual se dedicava havia mais de 20 anos: o Bar do Tricolor, em Trindade, São Gonçalo.
Joacir fez do estabelecimento um ponto de encontro de amigos, independentemente da torcida. O jeito carismático e brincalhão o tornou um diferencial do bar.
Com o trabalho exaustivo, poucas vezes conseguiu ir ao estádio acompanhar o desempenho do time. Também sobrava pouco tempo para aproveitar com a família e os amigos a casa em Maricá (RJ).
Joacir não escapou da Covid-19. Ficou pouco mais de 30 dias hospitalizado, mas não resistiu. Partiu dia 22 de agosto, aos 67 anos, após parada cardiorrespiratória.
Deixa esposa, dois filhos e um neto, que nasceu quatro dias depois da sua morte.
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