Descrição de chapéu Coronavírus

SUS não entrou nem vai entrar em colapso, diz Pazuello em posse como ministro efetivo da Saúde

Na cerimônia, Bolsonaro voltou a defender hidroxicloroquina contra Covid-19

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Brasília

Ao tomar posse como ministro efetivo da Saúde, o general Eduardo Pazuello afirmou nesta quarta-feira (16) que o receio de que o SUS entraria em colapso devido à pandemia do novo coronavírus "não aconteceu e não vai acontecer", mas que uma solução definitiva só virá com uma vacina.

Pazuello disse ainda avaliar que o país chegou a uma situação de estabilidade de casos da Covid, com números "em total declínio" no Norte e Nordeste e tendência de queda nas outras regiões.

Para ele, a população terá que conviver em breve com um "novo normal", o qual, defendeu, deve incluir "novos hábitos", medidas de prevenção, tratamento precoce e "principalmente, naturalidade em conviver com uma nova doença assim como todas as outras do nosso cotidiano".

A solução definitiva, porém, só "virá com uma vacina".

Alçado ao cargo como interino em maio em meio a atritos do presidente Jair Bolsonaro com seus antecessores, Pazuello assumiu o cargo de ministro efetivo em uma cerimônia no Palácio do Planalto marcada por aglomeração de membros da pasta, ministros e aliados do governo.

A posse encerra um período de quatro meses em que o Ministério da Saúde estava sem titular, ao mesmo tempo em que o general já era visto como "provisório eterno".

Com a mudança, Pazuello se torna oficialmente o 48º ministro da área no país —e o 3º durante a pandemia do novo coronavírus, que já deixa 4,4 milhões de casos e 133 mil mortes desde fevereiro.

Antes, a pasta foi ocupada por Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que deixaram o cargo em meio a divergências com o presidente sobre o uso da cloroquina.

A defesa do medicamento marcou boa parte da cerimônia de posse desta quarta.

Em seu discurso, Bolsonaro disse que, em meio a uma crise sanitária, é menos complicado ser presidente da República do que ministro da Saúde.

O presidente ressaltou que a responsabilidade de Pazuello é "enorme" e agradeceu-lhe por ter aceitado assumir em definitivo o posto. Inicialmente, o general da ativa havia resistido ao convite de Bolsonaro.

"Eu não sou um palpiteiro. E converso com meus ministros, de maneira reservada, onde procuramos nos acertar", disse o presidente. "Com o ministro anterior, nada foi resolvido nas nossas conversas. E eu aprendi que pior que uma decisão mal tomada é uma indecisão", ressaltou, em indiretas a Mandetta, que virou seu desafeto político.

Bolsonaro voltou a defender a prescrição da hidroxicloroquina na fase inicial do tratamento do coronavírus. O medicamento, no entanto, não tem comprovação científica de eficácia no combate à doença.

"Nada mais justo, sagrado e legal que um médico, na ponta da linha, decidir o que aplicar em seu paciente na ausência de um remédio com comprovação cientifica. A responsabilidade é do médico", afirmou.

Embora tenha evitado citar o remédio em discurso, Pazuello admitiu ao fim da cerimônia que a pasta tem discutido a possibilidade de oferecer a hidroxicloroquina elo programa Farmácia Popular, que disponibiliza medicamentos de maneira gratuita ou com desconto.

A medida indicaria uma nova ampliação da oferta do remédio.

"Não só cloroquina. Todos os medicamentos do kit Covid estão sendo discutidos para distribuir também na Farmácia Popular", afirmou.

O ministro também voltou a defender em discurso que haja ida precoce ao médico, logo aos primeiros sintomas, em uma contraposição ao defendido por ministros anteriores, como Mandetta.

"O Ministério da Saúde e o mundo todo em um primeiro momento acreditavam que a melhor conduta era ficar em casa aguardando a melhora dos sintomas. Nós vimos que não era o melhor remédio o fique em casa esperando faltar o ar. O aprendizado mostrou que, quanto mais cedo atendemos os pacientes, melhor a recuperação", afirmou.

Em entrevista, o ministro disse ainda que a chegada da vacina ao Brasil pode ser antecipada caso os testes sejam concluídos antes do esperado.

Ele explicou que, no contrato de compra, há uma cláusula de antecipação. O cronograma atual estabelece como janeiro o mês de entrega das doses e início da vacinação para grupos de risco. Especialistas, porém, veem a previsão como pouco provável.

Ao final da cerimônia, chamou Pazuello de "meu colega paraquedista", em referência ao fato do general ter comandado o Batalhão Logístico de Paraquedistas, no Rio de Janeiro.

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